Empresas portuguesas podem transferir produção de bens para Angola, diz presidente da câmara de comércio

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O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal — Angola (CCIPA) disse recentemente que Angola tem condições para muitas empresas portuguesas passarem a produzir localmente, em vez de exportarem a partir de Portugal, defendendo uma aposta na qualificação dos trabalhadores.

João Luís Traça comentava os dados do relatório “Barómetro dos Gestores”, que abordam as preocupações dos empresários em Angola e revelaram que as exportações de bens de Portugal para Angola diminuíram 23,4% entre janeiro e setembro, levando o país do 9.º para o 13.º destino das vendas portuguesas ao exterior.

“Pode estar a acontecer porque outros países estão a ser mais eficientes e o contexto de Angola atualmente é muito diferente. Angola tem, provavelmente, condições para que muitas empresas portuguesas passem a produzir em Angola em vez de exportarem a partir de Portugal e provavelmente se fizerem isto vai reduzir o indicador das exportações e aumentar o indicador do investimento”, afirmou.

Acrescentou, por outro lado, que Angola está a conseguir produzir uma série de produtos, o que faz com que “provavelmente necessite de importar produtos diferentes daqueles que importava anteriormente de Portugal”, complementou.

Quanto aos resultados do estudo, que mostram um otimismo cauteloso dos empresários que operam em Angola, considerou natural que não estejam com o mesmo otimismo ou apetite para investimento que teriam noutros contextos, face à elevada taxa de inflação, crescimento económico reduzido e escassez de divisas. No entanto, “apenas um número muito reduzido de empresas manifestou interesse em desinvestir, despedir trabalhadores ou fechar linhas de produção. Isso quer dizer que as empresas que cá estão, estão para ficar e continuam a acreditar em Angola”.

O líder da CCIPA disse que a qualificação dos trabalhadores angolanos é central para as empresas, que devem apostar na formação. “Não vamos conseguir fazer qualificação de pessoas à espera que, de um momento para o outro, o Governo consiga ter as universidades e os institutos necessários para formar toda a gente. Têm de ser todas as empresas a formar, em vez de ser [apenas] algumas (…), enquanto outras acham que não vale a pena. Enquanto estiverem divididas, vamos estar a perder eficiência no mercado”, assinalou o responsável.

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