Economia angolana deve crescer 2,7% este ano

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O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola de 2,7 por cento este ano, acelerando para 4,3 em 2025, apesar de assumir que “as perspectivas de curto prazo deterioraram-se”.

No relatório do BAD sobre Perspectivas Económicas Africanas para 2024, apresentado ontem, em Nairobi, é referido que a inflação em Angola deve atingir um novo “pico” de 18,1 por cento em 2024, caindo depois para 12,4 em 2025, sobretudo ainda devido à desvalorização da moeda nacional, o kwanza, em 2023.

Em 2022, a inflação angolana atingiu os 21,7 por cento, tendo caído no ano seguinte para 13,6 e o PIB (toda a riqueza produzida no país), que continua dependente da produção e exportação de petróleo (28,9 por cento do PIB e 95 por cento das exportações), cresceu 3,0 por cento em 2022, mas apenas 0,9 em 2023, recorda o documento.

O relatório, apresentado durante os encontros anuais do BAD, que hoje encerram em Nairobi (Quénia), refere que o Governo está a gerir este “choque” apertando a política fiscal, já que o Orçamento de 2024 “considera a redução da produção e dos preços do petróleo”, bem como “tomando medidas de consolidação fiscal”, incluindo a “redução dos subsídios aos combustíveis”, com isso “demonstrando maior resiliência”.

“Após o reembolso da dívida de 18 mil milhões de dólares em 2023 e de 14 mil milhões de dólares em 2024, prevê-se que o perfil de reembolso da dívida diminua no futuro, abrindo mais espaço fiscal”, reconhece o relatório anual do BAD sobre Angola.

Reconversão dos negócios

Acrescenta que o sector Agrícola angolano “cresceu mais rapidamente do que a economia durante quatro anos consecutivos” e que várias empresas locais do sector privado “diversificaram a sua carteira de serviços petrolíferos e construção para o agro-processamento”.

“Contudo, a transformação estrutural deve ser acelerada e consolidada e vários sectores ainda precisam de ser abertos ao investimento directo estrangeiro”, aponta o relatório.

Refere igualmente que o Governo “identificou o agronegócio e a agricultura como os motores da industrialização e da criação de emprego nos próximos cinco anos” e que “apoio adicional virá do investimento em infra-estruturas, especialmente através de corredores de desenvolvimento integrados, como o Corredor do Lobito, a primeira parceria público-privada no país”.

Também sublinha que o Governo “tem uma política declarada de contrair empréstimos a longo prazo junto de instituições multilaterais para financiar as suas despesas de desenvolvimento”, tendo “substituído progressivamente empréstimos garantidos por recursos mais caros” por emissões de instrumentos de dívida de longo prazo “para suavizar os picos de reembolso”.

O Grupo BAD é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reuniu-se em Nairobi para debater “A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitectura Financeira Global”, com a presença de três participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.

Estes encontros incluem a 59ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do BAD e a 50ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento, decorrendo no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi.

O Grupo BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente.

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