Jovens do Prenda: 55 anos na defesa da música popular angolana

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O agrupamento Os Jovens do Prenda, um dos mais emblemáticos da música popular e urbana angolana, comemorou, na passada quarta-feira, 55 anos de existência e de luta pela defesa, valorização e promoção da identidade cultural angolana.

Surgido no mercado musical em finais de 1968, esta agremiação cultural passou por diversas transformações na sua onomástica: com a designação Jovens do Catambor (1965), Jovens da Maianga (1965), Os Sembas (1966), finalmente, em 1969, passam à designação actual.

Os Jovens do Prenda, cujo nascimento deu-se no bairro do Prenda, em Luanda, foi um dos primeiros agrupamentos angolanos a ter reconhecimento internacional.

A designação, “Os Jovens do Prenda” resultou da reutilização do topónimo de um bairro histórico luandense, incluindo as suas zonas adjacentes, que viu nascer o conjunto musical que então se formava. O processo de formação do conjunto resultou da fusão de vários pequenos grupos e desdobrou-se em quatro fases assim designadas: a primeira com o surgimento dos “Jovens do Catambor”, em 1965, com Manuelito (viola solo), Napoleão (puíta), Zé Kaquarta (caixa), e Juca, chefe do grupo e empresário, designação reforçada pela ocorrência frequente dos ensaios no Bairro Catambor.

A  segunda fase começou com o surgimento do agrupamento “Estrelas da Maianga”, ainda em 1965, com Kangongo (caixa), Antoninho (viola solo), Gamboa (puíta e viola baixo), Maneco (vocalista), João (tambor baixo), e António do Fumo (dikanza e vocal).

A terceira fase foi a dos “Os sembas”, em 1966, com  Sansão (vocal), Casimiro, chefe do grupo, Chico Montenegro (vocal e dikanza), Zé Gama (viola baixo, em guitarra de seis cordas), Augusto Tchurula (bate-bate),  Antoninho Tchurula (dikanza), Zé Keno (viola solo) e Inácio, colaborador.

A quarta fase, considerada definitiva, surgiu com os “Jovens do Prenda”, em  Outubro de 1968, designação que perdura até a actualidade e que resultou, fundamentalmente, da fusão dos “Jovens do Catambor” e dos “Sembas”. 

Reza a história que a primeira grande formação dos Jovens do Prenda, na versão do Zé Keno, integrava Juca, chefe e empresário do grupo, Didi da Mãe Preta (vocal e dikanza), Sansão (vocal e  pandeireta),  Zé Gama (viola baixo),  Inácio (tumbas baixo)  e Chico Montenegro (caixa ou tambor solo). 

Por conselho do empresário Manguxi,  os  “Jovens do Catambor” assumem a designação actual, Os Jovens do Prendo, tendo, na altura, o mesmo apresentado como justificativa o facto de os integrantes do grupo serem originários do bairro Prenda.

Depois do “Período de Silêncio” da Música Popular Angolana, 1974, os “Jovens do Prenda” ressurgiram, em 1981, pela mão do empresário Kandango e gravaram o LP “Música de Angola, Jovens do Prenda” (1982, IEFE, Discos, Intercontinental Fonográfica, Lda) – um disco de criação colectiva – com Zé Keno (viola solo e voz), Alfredo Henrique (viola ritmo), Carlos Timóteo (viola baixo), Avelino Mambo (bateria), Zecax (vocalista e pandeireta), Massy (saxofone), Gaby Monteiro (percussão e voz), Fausto Ricardo (trompete), Verry Inácio (tumbas), Chico Montenegro (bongós e voz), Luís Neto (dikanza), Augusto João Luís (dikanza e vocal), Laurindo (teclas), Correia (trompete) e Baião (contra-solo). 

O enraizamento cultural e a dinâmica social dos musseques de Luanda fizeram dos Jovens do Prenda um dos grupos mais emblemáticos da história da Música Popular  Angolana. Uma das características que realça a arte do grupo é o seu ritmo. Os “Jovens do Prenda” têm uma sonoridade  muito peculiar que advém da fusão de ritmos locais, a incidência é o semba e rumba.

Os grandes guitarristas ritmo  dos “Jovens do Prenda” foram: Mingo, Alfredo Henrique, Diogo Sebastião e Quintino, actualmente na Banda Movimento.

Até 1974, ano em que o grupo teve um interregno, a formação lançou vários singles e acompanhou artistas individuais.

O grupo tem, entre outros, os discos “Música de Angola – Jovens do Prenda” (1982), mais tarde reeditado como “Mutidi”, “Samba-Samba” (1992), “Kudicola Kwetu” (2003) e “Iweza” (2010).

Os Jovitos, que já vão na terceira geração, faz parte da história contemporânea de Angola, com as suas músicas que influenciaram uma geração.

Entre os seus maiores sucessos consta “manhã de domingo”, “Angelica”, “Bela”, “Manuela”, “Sandra”, “aiue ngongo”, “ilha virgem”, “tia”, “farra”, “madrugada”, “desespero”, “fim-de-semana”, “nova cooperação”, “gienda ni ubeka”, “mutudi”, “gienda ja nami”, interpretada pelos vocalistas Mizinga, Miau, Didi da Mãe Preta, Chico Montenegro, Augusto Chakaya e Dom Caetano.

É tido como uma das maiores escolas para os executantes da música e nele passaram artistas como Zecax, Mingo Canhoto, Kintino, Twely Bamba, Romão Teixeira, Julinho Vicente, Joca, Dom Pirakanda, Zé Luís e Dom Caetano.

O agrupamento é constituído, actualmente, por Carlitos Calili (baixo), Josué (teclado), Zé Luís (guitarra ritmo), Baião (guitarra contra solo), Charles (guitarra solo), Didi da Mãe Preta (dikanza e vocalista), Esteves Bento (congas), João Diloba (baterista), Augusto Chakaya, Dom Caetano e Chico Montenegro (vocalistas) e Mizinga e Miau (coros e vocalistas).

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