Surgimento das refinarias vai diminuir as despesas que mais elevam a balança de pagamento

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Por: Joel Lopes Leite, Economista

Nos últimos dez anos o governo resolveu alavancar os investimentos nas infraestruturas para poder relançar um crescimento económico do produto interno bruto (PIB) a uma taxa acima de 4% ao ano, e com ele foram destacados alguns sectores chave como a agricultura, turismo e serviços. Neste mesmo investimento, o surgimento de infraestruturas ficou pautado pela construção de algumas refinarias para diminuir a importação de combustível e a compra de outros produtos refinados em fornecedores externos.

Estratégia que tem trazido alguns desgastes na balança de pagamento da economia devido aos gastos efectuados com a importação destes produtos durante os últimos anos, e a perda de divisas que poderiam ser alocados a outros sectores potências, nos últimos dez anos o país gastou cerca de… Mil milhões de kwanzas para a importação deste produto. Neste mesmo período, a importação de combustível esteve sempre em primeiro ou segundo lugar na lista dos bens e serviços mais importados pelo governo, situação que também eleva os gastos do governo, e faz com que o mesmo acumule divisas para este tipo de actividade. Acontecimento que poderá ser remediado pela operacionalização destas refinarias.

A exportação do mesmo produto tem levado ao aumento das receitas do estado em valores que possibilitam um crescimento do produto interno bruto em valores positivos, ou seja, as exportações de combustíveis bruto é a variável que eleva as receitas do estado através das suas contribuições fiscais, e a melhor estratégia de acúmulo de divisas estrangeiras na economia nacional, por outro lado, as importações de combustível refinado enxuga as mesmas receitas dos cofres do estado. Com a finalização e a operacionalização das refinarias a economia passará a diminuir o volume de exportação de petróleo bruto para o exterior para refinar internamente, situação que poderá baixar o volume de receitas petrolíferas em moedas estrangeiras, ou seja, uma grande parte desta commodity que serve de importação passará ser refinado internamente para o consumo local.

Embora exista a possibilidade de a economia passar a exportar produtos já refinados em grandes escalas, os produtores passaram a estabelecer negócios com clientes mais próximos como, os países que fazem fronteira com Angola, ou os que estão mais próximos geograficamente para aumentar o seu potencial de exportação de petróleo refinado, a título de exemplo, poderá ser feito com a África do Sul.

O surgimento das refinarias é para acautelar este tipo de situação, para diminuir as despesas que mais elevam a balança de pagamento. E a necessidade em divisas estrangeiras fará com que a economia passará a guardar uma boa parte dos produtos refinados para exportação.

O Presidente de Angola, João Lourenço, discursa durante a cerimónia de inauguração da refinaria de Luanda, em Luanda, Angola, 07 de julho de 2022. O novo complexo de produção de gasolina na refinaria de Luanda, um investimento de 235 milhões de dólares (219,4 milhões de euros) da petrolífera estatal Sonangol, foi hoje inaugurado pelo Presidente angolano, João Lourenço. AMPE ROGÉRIO/LUSA

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