Evolução das variáveis económicas nacionais e internacionais constituem a base da queda da projecção, segundo especialista
O Standard Bank rectifou a sua projecção do crescimento do PIB angolano, divulgado no início deste ano, de 3% para o mínimo percentual de 2,9%, atendendo os ajustamentos fiscais, a taxa de câmbio, bem como a influência do panorama económico mundial no país.
“Previmos no início do ano que o PIB angolano cresceria acima dos 3%. No entanto, recentemente, revimos em baixa esta projecção para 2,9%, porque estamos a incluir o impacto de um ajustamento fiscal, de um instrumento cambial e o impacto negativo desses ventos contrários que Angola vai recebendo do resto do mundo”, disse Fáusio Mussá, Economista Chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo.
Relativamente ao desempenho fiscal, o especialista considerou que a receita total do Estado “veio” 12,5% abaixo do previsto no OGE 2025, “o que significa que se se mantiver o objectivo de receita para 2025 de 19,9 trilhões de Kwanzas, o aumento anual de receitas para 2025 é de 36%”, afirmou, considerando ser um aumento “muito expressivo” que, a seu ver, é “muito difícil de se realizar” com o preço do petróleo abaixo do estipulado no OGE 2025.
Mussá referiu igualmente que o ritmo como se tem evoluído a dívida pública ao longo dos anos (2017-2024) foi uma das razões para a redução da previsão do crescimento do PIB de 2025, uma vez que neste intervalo de tempo a dívida total contraiu 23%, “fruto de um esforço de consolidação fiscal”, disse, mas acompanhado por um aumento de 16% no stock de dívidas em dólares e de 125% em moeda nacional, argumentando que “a variação do câmbio – superior ao aumento da dívida doméstica – foi utilizado para esconder alguma derrapagem fiscal”.
Face a essa situação, e atendendo a taxa de inflação que se mantém acima dos 20% ao ano desde dezembro de 2023, por conseguinte, desvalorizando cada vez mais a moeda local e atendendo o cenário internacional com as tarifas da política Trump; o especialista alertou que a despesa pública anual pode atingir os 51%, resultando em um défice fiscal muito superior ao programado na elaboração do OGE 2025.
Como sugestão para contornar este cenário e colocar o PIB angolano na órbita de crescimento acima dos 3%, o Standard Bank, na pessoa de Fáusio Mussá, recomendou o Executivo a rever o OGE 2025, ou seja, elaborar um orçamento rectificativo; implementar reformas económicas além do petróleo e diamantes; investir em infraestruturas; manter uma disciplina fiscal e atrair investimentos estrangeiros directos.
A queda do crescimento do PIB angolano 2025 de 3% para 2,9% foi anunciada nesta terça-feira, 22 de abril, durante a 1ª Edição do “Briefing Económico de 2025”, subordinado ao tema “Angola, crescimento para além do petróleo”, realizado pelo Standard Bank, em Luanda.
