A economia angolana poderá enfrentar um déficet fiscal e crescentes pressões sobre a dívida pública caso o Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano não inclua a discussão acerca da nova ordem económica mundial, em função da redução do preço do petróleo, tema defendido pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.
O Economista Chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo, Fáusio Mussá, anteveu este cenário durante a apresentação da I Edição do Briefing Económico de 2025, em Luanda, nesta terça-feira, dia 22. Segundo Mussá, quanto mais cedo os agentes económicos angolanos iniciarem a discussão no OGE sobre as medidas necessárias para evitar um déficet fiscal — que desencadeia pressões sobre a dívida pública —, melhor será o quadro económico do país.
O economista alertou ainda para a necessidade de o Governo angolano implementar, ainda este ano, um orçamento rectificativo em virtude da redução do preço do petróleo, consequência do atual contexto internacional, que ele descreve como “volátil e incerto”.
Relativamente à economia global, referiu que as tarifas impostas pelos Estados Unidos, acima do previsto, têm provocado aumentos na volatilidade dos mercados internacionais e um maior risco de inflação no país norte-americano, embora este facto esteja parcialmente compensado pela queda do preço do petróleo.
Mussá concluiu que o desempenho da economia angolana poderá ser afectado pela elevada exposição à instabilidade dos preços do petróleo e pelo fraco investimento.
Por outro lado, o Presidente do Conselho de Administração do INAPEM, Braulio Augusto, avaliou de forma positiva a actividade apresentada no briefing, afirmando que o encontro permitiu um contacto directo com as actuais variações macroeconómicas globais, fortemente influídas pela política americana, e que os desafios identificados poderão ser transformados em oportunidades tanto para o sector privado como para o Governo.
Sob o mote “Angola, crescimento para além do petróleo”, o evento reuniu clientes, parceiros e investidores, num momento em que a discussão tempestiva e estratégica das medidas de política económica revela-se determinante para o futuro financeiro do país.