A startup suíça ID Genève, que fabrica relógios de luxo a partir de materiais reciclados, angariou financiamento junto de investidores, incluindo o ator americano Leonardo DiCaprio, o que será um trampolim para que a empresa possa experimentar processos de fabricação sustentáveis.
Fundada no final de 2020 por dois jovens de trinta anos de Genebra, a startup angariou 2 milhões de francos suíços (2,1 bilhões de euros) em uma rodada de financiamento na qual participaram também investidores suíços, segundo comunicado. “Dois milhões não é muito na indústria relojoeira”, admitiu Nicolas Freudiger, um dos seus cofundadores, em entrevista à AFP.
Mas o valor angariado permitirá a esta microempresa, que atualmente conta com apenas 7 funcionários, incluindo os cofundadores, continuar a pesquisa de materiais e aumentar a produção. E a presença do ator norte-americano entre os seus investidores vai permitir-lhe “ganhar anos de desenvolvimento”, disse Freudige, que espera que DiCaprio use o relógio no tapete vermelho.
A ID Genève produz relógios com materiais reciclados ou recicláveis, tanto nas caixas como nas braceletes e embalagens. Para seus movimentos, a startup utiliza apenas relógios de luxo não vendidos, que de outra forma seriam destruídos, depois os desmonta, limpa, e remonta para colocá-los novamente em circulação em suas coleções.
Suas caixas são feitas exclusivamente com aço de alta qualidade 100% reciclado, recuperando resíduos de cerca de quarenta empresas do Jura, que incluem fábricas de relógios, mas também fabricantes de equipamentos médicos, como bisturis, de onde obtém melhor os resíduos.
Para reduzir a energia consumida na fusão do aço, a startup realizou testes em um forno solar em Mont-Louis, nos Pireneus, onde a temperatura pode subir para mais de 3.000 graus graças aos raios solares, captados por grandes espelhos convexos.
“Queremos conciliar o luxo com as expectativas da nossa geração”, explica Freudiger, que quer distinguir-se das grandes marcas de luxo tradicionais que enfatizam a sua “exclusividade” e os “materiais raros” que utilizam.
“Estamos falando de resíduos que reciclamos em um mundo circular e onde esses resíduos são considerados como novas matérias-primas”, afirma o jovem de trinta anos, que vê os centros de reciclagem como “as incubadoras das startups de amanhã”.
Os testes no forno solar resultaram em uma série de 300 peças. A marca, cujos relógios são vendidos entre 3.500 e quase 5.000 francos suíços, espera atingir a marca dos 600 relógios em 2023.