Processo Kimberley vai traçar estratégia contra distorções da indústria diamantífera

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A necessidade de se rever o conceito de diamantes de conflito, abordagem de acções práticas levadas a cabo pelos subgrupos em prol do desenvolvimento sustentável e o reforço do marketing da indústria diamantífera perante a proliferação de diamantes sintéticos serão os temas centrais da Reunião Plenária do Processo Kimberley, a ter lugar de 11 a 15 de Novembro no Dubai, Emirados Árabes Unidos.

O Jornal de Angola obteve a informação por intermédio do presidente executivo do Processo Kimberley, Ahmed Bin Sulayem, recentemente, em Luanda.

No evento deste mês, a delegação angolana será encabeçada pelo Coordenador Nacional do Processo Kimberley, Estanislau Buio, acompanhado de altos funcionários que asseguraram o compromisso do Executivo em gizar estratégias para ultrapassar os actuais desafios do sector impostos por factores como a proliferação dos diamantes sintéticos e rastreamento imposto pelos principais mercados, com vista a impedir comercialização de diamantes de conflitos.

O Processo Kimberley é o órgão de certificação de origem dos diamantes, concebido para evitar a compra e venda deste minerio provenientes de áreas e conflitos.

O presidente do Processo Kimberley, Ahmed Bin Sulayem, reconheceu os riscos inerente a proliferação dos diamantes sintéticos ou laboratoriais, mas sublinhou a sua crença de que o seu valor não pode ser equiparado com o das gemas naturais.

O também presidente executivo da DMCC, falava aos órgãos de comunicação social à margem da Reunião Ad-hoc do PK, só frisar que o valor real reside na indústria dos diamantes naturais, pelo que há necessidade dos países produtores e compradores melhorarem, de forma concertada, o marketing, promoção de forma a cuidar da reputação da indústria dos diamantes naturais. “Este é o principal propósito das reuniões que realizamos”.

Ahmed Bin Sulayem revelou que, durante a Conferência de Diamantes do Dubai a ter lugar em Novembro, vai apresentar um leque de ideias que poderão ter um grande impacto no mercado internacional para o bem dos produtores, assim como também promete proceder na Plenária do Processo de Kimberley que Dubai vai acolher.

“Os diamantes laboratoriais podem substituir os naturais, sobretudo quando falamos de finalidades mais amplas em termos de utilidade além dos fins industriais. A procura por diamantes sintéticos é centrada para fins de tecnologia e semi-condutores, numa altura em que já se deparam com alguma dificuldade relacionadas com o baixo valor comercial das jóias fabricadas com este material”, apontou.

Simpósio internacional

Ahmed Bin Sulayem anunciou, por outro lado, a organização, em 2024, de um simpósio sobre diamantes laboratoriais, com propósito de esclarecer os agentes do mercado sobre as diferenças fundamentais entre o verdadeiro valor do natural e do artificial, “tal como a diferença entre pintura e a paisagem”.

Os diamantes naturais, enfatizou o dirigente, são pedras formadas há milhões de anos, pelo que representam herança, ou seja, parte real do nosso planeta, pois antes da existência da vida na terra já havia diamantes.

Para dar um exemplo, reforçou, hoje já existe café sintético, “mas eu não posso tomar esse produto”, da mesma forma que não é possível comprar os diamantes genuínos com os fabricados pelo homem e outros produtos cujo valor não pode ser comparado com aquilo que é original.

Quanto aos diamantes de Sangue, Ahmef Bin Sulayem disse que trata-se de “uma retórica pouco fundamentada”, na medida em que não é possível sustentar um conflito militar com base na exploração artificial de diamantes, mas a imprensa internacional sempre olhou para o diamantes como um alvo fácil.

“Grande parte dos conflitos foram apoiados devido o interesse em outras matérias, mas pouco se fala porque não se pode abdicar da energia. O Cobalto e o Clotão são a causa de problemas, mas preferimos passar a ideia de que os diamantes estão relacionados com os conflitos e outros males porque é um alvo fácil, daí que devemos continuar a trabalhar para mudar a narrativa”, disse.

A presidência do Processo Kimberley está a cargo dos Emirados Árabes Unidos.

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