‘Mania de Você’, a nova telenovela da Globo, estreou a 10 de Setembro e já está a conquistar o coração dos telespectadores. Tem exibição de segunda a sábado, às 20h30, com episódios inéditos à 01h30 e conta com um elenco envolvente. João Emanuel Carneiro, criador de “Mania de Você”, comenta em exclusivo nesta entrevista à Outside mais detalhes curiosos e misteriosos sobre a trama. Confira a seguir as declarações do autor.
Como define a trama de ‘Mania de Você’?
É uma história sobre duas mulheres, Viola (Gabz) e Luma (Agatha Moreira), que ora são amigas, ora inimigas. Os seus destinos cruzam-se e impactam as suas vidas e as dos seus namorados, Mavi (Chay Suede) e Rudá (Nicolas Prattes). A trama aborda temas universais como amor e poder.
Suas novelas são marcadas por reviravoltas.
Podemos esperar muitas de ‘Mania de Você’? Quais serão os momentos de mudanças iniciais da trama?
Como as próprias chamadas promocionais da novela dizem, em ‘Mania de Você’, o jogo muda o tempo todo. A grande reviravolta é que dá o tom da trama: quando Viola (Gabz) conhece Luma (Agatha Moreira), esta é uma burguesa, aspirante a chef de cozinha, que ensina a Viola os princípios da gastronomia. E Viola é uma espécie de assistente de Luma. O mundo vira a partir do momento em que elas disputam o mesmo homem, que é o Rudá (Nicolas Prattes). Isso, combinado com o assassinato do Molina (Rodrigo Lombardi), em que praticamente todos os protagonistas são suspeitos, será o primeiro ponto de virada da trama, previsto para o décimo terceiro capítulo. Viola e Luma vão afastar-se e, dez anos depois, quem será a chef de cozinha famosa será Viola, e Luma terá perdido tudo o que tinha. É como se Viola passasse a viver a vida que estava destinada a Luma. Elas vão reaproximar-se quando Luma pedir uma oportunidade a Viola, justamente como assistente de seu restaurante. Vai ser simetricamente o oposto ao passado, dez anos antes.
Outra característica de suas obras são os vilões que “amamos odiar”. O que esperar em termos de vilania em ‘Mania de Você’?
Teremos alguns vilões marcantes nesta história. Uns que o público vai reconhecer logo no início, outros que se revelarão ao longo dos capítulos. De cara, temos um vilão da pior qualidade, o Molina, pai da Luma, interpretado pelo Rodrigo Lombardi. A sua secretária e amante, a Mércia, mãe do Mavi, vivida pela Adriana Esteves, aparentemente submissa, guarda muitos segredos e vai dando sinais de carácter duvidoso aos poucos. E temos o Mavi. De certa maneira, ele faz coisas horríveis, mas diz fazer tudo por amor. É o primeiro vilão que eu faço assim, acho interessante criar este vilão apaixonado. Em certa medida, outros núcleos contam com personagens com maior ou menor grau de vilania. A Ísis, da Mariana Ximenes, é um exemplo de uma vilã mais cómica.
A fronteira tênue entre o bem e o mal é outra marca de suas tramas. O que destaca neste sentido em ‘Mania de Você’?
Como muitas das minhas novelas, esta é sobre quem está a falar a verdade. Temos um jogo da manipulação da realidade nas tramas dos personagens Molina (Rodrigo Lombardi) e Mavi (Chay Suede). Na primeira e na segunda fase da novela, respectivamente, eles controlam a empresa de cibersegurança e jogam o tempo com as informações que dispõem de acordo com os seus interesses. Até que ponto podemos acreditar nas coisas que vemos e ouvimos? As peças da trama movem-se, e você descobre outros ângulos. É nessa zona cinza que operam os personagens de ‘Mania de Você’.
Quais são os diferenciais em termos de produção que você destaca na novela?
Esta é uma novela com muitas possibilidades, e ela tem uma dinâmica diferente quando se trata de locações e eixos temáticos. A região de Angra dos Reis é pouco explorada como território principal de histórias de novelas recentes. Além das paisagens exuberantes, tem todo o universo do resort, onde se passa grande parte da trama, com os seus diversos ambientes e o restaurante da Viola, personagem da Gabz. A trama tem mistério, mas desenrola num contexto mais solar, tem uma atmosfera de verão e elegância. Ao mesmo tempo, a gastronomia é um destaque, um pano de fundo importante da história, com muitas cenas de cozinha e mesa posta.
Algumas tramas também se desenrolam em Portugal. O que levou à escolha deste país?
Acho muito impressionante o movimento de brasileiros indo morar em Portugal. São milhares nos últimos anos que foram para lá. Neste quesito, a história da novela aborda a promessa de um futuro, o sonho. Tratamos muito sobre sonhos, projectos de vida dos personagens, como mudar a própria vida. O Rudá (Nicolas Prattes) acaba indo para lá por uma armação do Mavi (Chay Suede) para tirá-lo do Brasil assim que se torna um dos suspeitos da morte do Molina (Rodrigo Lombardi). Passa dez anos lá, arruma uma namorada, de certa forma, refaz a sua vida, até descobrir novamente notícias da Viola e não resistir voltar para perto dela. E outros personagens, como Michele (Alanis Guillen), e o marido Cristiano (Bruno Montaleone), deixam o Albacoa para tentar uma vida melhor no Exterior, e vão passar por maus bocados lá.
A gastronomia vai ser um tema bem trabalhado nas tramas, a partir das personagens Luma (Agatha Moreira) e Viola (Gabz). Por que este tema como pano de fundo?
Sou uma pessoa muito ligada à comida, vou muito a restaurantes. A comida é uma coisa que me fascina. E acho que é uma experiência muito visual também. É visual para uma novela abordar esse universo. Foi pouco abordado, inclusive. A gastronomia fala muito da alma das pessoas. Quando você come a comida de alguém, você entende aquela pessoa. Lembrei aqui de um livro do Brillat Savarin, um grande especialista em gastronomia no mundo, “A Fisiologia do Gosto”, em que ele fala que a comida é a alma das pessoas. Eu trouxe algumas referências de lugares e estilos que gosto para a trama, como essa coisa da Viola de misturar peixe com carne.
Por fim, como está a ser a parceria com Carlos Araujo, que vem de ‘Todas as Flores’?
Foi um “casamento” muito tranquilo na minha vida, porque o Carlinhos é uma pessoa que faz a experiência do set ser uma coisa feliz e organizada. É um parceiro de trabalho incrível, com quem posso contar sempre que precisar.