A gestão das infra-estruturas do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) pelo consórcio Lobito Atlântico Railways (LAR), Transfigura e Mota-Engil deve gerar um contributo na ordem dos 1,6 a 3,4 mil milhões de dólares por ano, para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, nos próximos 30 anos.
A projecção foi avançada pelo administrador da LAR, Ottoniel Manuel, durante um debate no canal televisivo Girassol, sob o lema: “O Impacto do Corredor do Lobito na Economia Angolana e na Região da SADC”, no qual foram abordados os grandes desafios para a plena materialização das metas após cinco meses de funcionamento.
Ottoniel Manuel revelou que o consórcio prevê atingir uma frequência diária de até 50 comboios ao longo dos 30 anos de período de concessão, na perspectiva de gerar cerca de 1.600 empregos directos, dedicados ao transporte de carga de grande porte, com destaque para o minério de cobre proveniente das República Democrática do Congo e da Zâmbia.
Com 67 estações ao longo da linha ferroviária que percorrer 1.344 quilómetros, passando pelas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, o Corredor do Lobito “vai criar oportunidades para o desenvolvimento de pequenos negócios adjacentes às operações de transporte ferroviário que se afiguram como uma alternativa competitiva face ao transporte rodoviário e consequentemente redução das tarifas com o frete de cargas”.
Infra-estrutura portuária
Ottoniel Manuel deixou subjacente o facto de o transporte de passageiros e cargas leves ser uma tarefa exclusiva do Caminho de Ferro de Benguela, enquanto o Porto Comercial do Lobito, na província de Benguela, está a realizar avultados investimentos focados na sua transformação em porto “senhorio”.
Na condição de porto senhorio, frisou Ottoniel Manuel, o Porto do Lobito vai cuidar apenas da gestão pública, a movimentação reduzida de passageiros e produtos comerciais, ao passo que o sector privado será responsável pelas infra-estruturas portuárias em forma de concessão.
“A concentração iniciou a 26 de Janeiro do presente ano, antecedida de um processo de transferência de activos( estações, linhas férreas, material circulante, tais como vagões e locomotivas). Volvidos cinco meses de operações, estamos com números próximos dos seis comboios por semana.
O objectivo é chegar a uma frequência de seis comboios por dia ao longo dos 30 anos”, augurou.
Economias privilegiadas
O consultor de Desenvolvimento, Mário Pinto, disse, por seu lado, que já não se pode questionar a sustentabilidade do Corredor do Lobito, uma vez que as economias da RDC e da Zâmbia já estão a ter impacto positivo na sua operacionalização.
Nesta região, cerca de cinco mil caminhões vão deixar de operar no transporte de minério, pois levam entre 30 e 40 dias, ao passo que caminho de ferro reduz os custos e permite transportar elevadas quantidades em pouco tempo.
“O Corredor do Lobito é uma alavanca para o desenvolvimento, daí que a aposta do executivo deve ser complementada com outros esforços de todos os intervenientes na cadeia de valor. Os investimentos são importantes, mas é necessário garantir a segurança jurídica dos investidores”, alertou.
O economista Augusto Fernandes defendeu a construção de vários ramais e estradas de ligação com as zonas de produção, tendo recordado que Angola teve de encontrar soluções para os financiamentos após o conflito, pelo que deverá continuar a procurar investimentos para projectos que garantam o retorno.