A china registou um crescimento de 5,2 por cento em 2023, mais do que a maioria das grandes economias, mas, para quem vive no país, a economia chinesa está em recessão e afirmam terem tido um ano ruim.
Uma crise de confiança na economia está dissuadindo os consumidores de gastar e as empresas de contratar e investir, no que pode se tornar um mecanismo que corrói o potencial econômico de longo prazo da China.
Proprietários de imóveis se sentem mais pobres porque seus apartamentos estão perdendo valor e os trabalhadores ganham menos do que no ano anterior, trazendo a sensação de um encolhimento na economia.
Um professor de economia da China Europe International Business School, em Xangai, diz que a definição de recessão que consta nos livros dois trimestres consecutivos de contração econômica não deveria se aplicar a um país em desenvolvimento que investe cerca de 40% de sua produção anualmente, o dobro do nível dos Estados Unidos.
“Estamos em uma recessão”, disse Zhu. “Se você conversar com dez pessoas, sete dirão que tivemos um ano ruim”.
Um dos cidadãos entrevistados esperava iniciar uma carreira em propaganda estatal na China depois de mais de 100 candidaturas sem sucesso no sector da mídia.
Com um número recorde de 2,6 milhões de pessoas concorrendo a 39.600 empregos no Governo em meio a uma crise de desemprego entre os jovens, ela não conseguiu ser aprovada.
“Nascemos na era errada”, disse a jovem de 24 anos, graduada pela Universidade Renmin, a mais importante da China.
“Ninguém mais se preocupa com seus sonhos e ambições em uma crise econômica. A busca interminável por emprego é uma tortura.”
Uma crise de confiança na economia está dissuadindo os consumidores de gastar e as empresas de contratar e investir, no que pode se tornar um mecanismo que corrói o potencial econômico de longo prazo da China.
Desemprego juvenil recorde
Estudos apontam ainda que mais de um em cada quatro dos cerca de 100 milhões de chineses com idade entre 16 e 24 anos estava desempregado em Junho, mostrou o último dado antes de as autoridades suspenderem a série.
A China retomou a publicação dos dados na quarta-feira (17), excluindo os estudantes universitários, para colocar o desemprego entre os jovens em 14,9% em Dezembro.
A Geração Z da China é a mais pessimista de todos os grupos etários, segundo pesquisas. Aqueles que encontram emprego ganham menos do que esperavam, pois as empresas cortaram custos em resposta à fraca demanda interna. Enquanto isso, a China treinou seus alunos para empregos altamente qualificados no sector de serviços, em vez de trabalhar em fábricas ou na construção civil.
O consumo doméstico moderado e as repressões regulatórias nos sectores financeiro, tecnológico e educacional diminuíram suas oportunidades.
Janice Zhang, 34 anos, trabalhou no sector de Tecnologia até o final de 2022, quando pediu demissão para atender a uma emergência familiar, confiante de que poderia facilmente encontrar um novo emprego devido à sua experiência e educação nos EUA.
Mas Zhang só encontrou um cargo de marketing de mídia social, que exigia que ela trabalhasse em turnos de 15 horas, então ela desistiu depois de pouco tempo.