No último dia de negociação do ano, sexta-feira, as negociações do Brent (referência das exportações do petróleo angolano) caíram 0,11 dólar, a 77,04 dólares o barril. Os futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) caíram 0,12 dólar, para 71,65 dólares o barril.
No global, os futuros do petróleo caíram mais de 10 por cento em 2023, em um ano tumultuado de negociações marcadas pela instabilidade geopolítica e por preocupações sobre os níveis de produção de petróleo dos principais produtores ao redor do mundo.
Ambos os contratos de referência caíram mais de 10 por cento em 2023, encerrando o ano em seus níveis mais baixos de fim de ano desde 2020.
No ano passado, o Brent havia subido 10 por cento e o WTI até 7 por cento, sustentados por preocupações relacionadas à oferta após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Uma pesquisa da Reuters com 34 economistas e analistas apontou que o petróleo Brent atingirá uma média de 82,56 dólares em 2024, abaixo do consenso de 84,43 dólares de Novembro, sob a expectativa de que o fraco crescimento global limite a demanda. As tensões geopolíticas em curso poderão fornecer apoio aos preços.
Analistas também têm questionado se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como Opep+, conseguirá cumprir os cortes de produção que prometeram para sustentar os preços.
A OPEP+ está, actualmente, a reduzir a produção em cerca de 6 milhões de barris por dia, o que representa cerca de 6 por cento da oferta global.
Enfraquecimento
A OPEP enfrenta o enfraquecimento da procura pelo seu petróleo no primeiro semestre de 2024, num momento em que a sua quota de mercado global diminui para o nível mais baixo desde a pandemia da Covid-19 devido aos cortes na produção e à saída de Angola do grupo.
Enquanto isso, a guerra no Oriente Médio provocou apreensões sobre potenciais interrupções no fornecimento nos últimos meses de 2023 que devem perdurar ao longo de 2024.
“Veremos uma volatilidade contínua à medida que avançamos para 2024 com os acontecimentos geopolíticos e o receio de que o conflito possa se espalhar por toda a região”, disse Andrew Lipow, presidente da Lipow Oil Associates.
Neste mês, ataques do grupo militante houthi do Iémen a embarcações de transporte que transitavam pela rota do Mar Vermelho forçaram grandes empresas a reorganizar suas remessas.
Embora algumas companhias estejam se preparando para retomar os movimentos pelo Canal de Suez, alguns petroleiros e navios com produtos refinados ainda optam pela rota mais longa em torno da África para evitar potenciais conflitos na região.
Forte procura
Dados divulgados na sexta-feira pela Administração de Informação de Energia dos EUA (AIE), que mostraram uma forte procura por petróleo em Outubro, também ofereceram algum apoio aos preços, disse o analista do UBS, Giovanni Staunovo.
A demanda total por petróleo nos EUA aumentou 3,4 por cento em Outubro em relação ao ano anterior, disse o relatório. A produção de petróleo dos EUA caiu ligeiramente em Outubro, para 13,248 milhões de barris por dia, depois de ter estabelecido recordes mensais em Agosto e Setembro.
Brent para entrega em Fevereiro baixa para 78,39 dólares
A cotação do barril de petróleo Brent para entrega em Fevereiro terminou no mercado de futuros de Londres em baixa de 1,58 por cento, para os 78,39 dólares.
Apesar da tensão no Mar Vermelho, onde continuam os ataques a navios dos rebeldes houthis, do Iémen, a decisão da companhia marítima Maersk de operar quase todas as suas rotas através do Canal de Suez indicou um relaxamento dos receios de uma escalada de preços.
Depois de cair para 73 dólares a 12 de Dezembro do ano que hoje termina, o Brent iniciou uma recuperação que, se sustentada, lhe permitirá fechar o ano, no mesmo nível (80 dólares) em que terminou 2022.