Transacções nos multicaixas movimentaram 1,1 mil milhões de kwanzas

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Os clientes movimentaram nos Terminais de Pagamento Automático, no mês de Novembro, 1,1 mil milhões de kwanzas, acima dos 989,3 milhões de kwanzas registados em Novembro de 2022, segundo dados recentes da Empresa Interbancária de Serviços(EMIS).

O valor transaccionado em Novembro representa ainda uma redução de 50,4 por cento em relação ao movimentado no mês anterior, que foi de 2,4 mil milhões de kwanzas,

No entanto, os pagamentos com cartões em Novembro foram de 262,8 mil milhões de kwanzas, um incremento de 13,1 por cento, em relação ao período homólogo de 2022, com um registo de 228,2 mil milhões de kwanzas.

Os números significam que existe uma necessidade de se controlar o dinheiro que circula fora do sistema financeiro para o controlo da inflação, segundo alguns especialistas.

Ao longo do ano, até 20 de Dezembro de 2023, os clientes fizeram 56,6 milhões de transacções com cartões multicaixa, o que corresponde a uma redução de 13,8 por cento em relação ao ano anterior.

O número de transacções representou em dinheiro o equivalente a 1,1 mil milhões de kwanzas, sendo que contribuíram para este valor as operações em compras (603,6 mil milhões), levantamentos (331,1 mil milhões) e pagamentos (262,8 mil milhões).

Necessidade do dinheiro em mão 

Nesta quinta-feira (20), a equipa de reportagem do Jornal de Angola saiu à rua e voltou a constatar a mesma enchente que se verificou nos últimos dois meses na capital do país, e o dilema da falta de dinheiro nos caixas electrónicos persiste e tem gerado reclamação dos utentes.

E desta vez, a equipa de reportagem decidiu perceber o que leva as pessoas afazer filas nos ATM para levantar dinheiro, sendo que se pode optar pelo uso dos serviços electrónicos existentes para efectivar pagamentos. 

É assim que alguns clientes bancários utentes de um cartão multicaixa apontaram que a necessidade de fazer compras no mercado informal, assim como falhas na leitura dos cartões multicaixas em alguns estabelecimentos obrigam a optar por ter o dinheiro no bolso.

Para o funcionário público Jackson José, por exemplo, a maior parte dos comerciantes não está abalizada com as novas tecnologias e isso faz com que as pessoas procurem sempre pelas notas.

“A padaria e a maoiria das cantinas que frequento não têm TPA   e as poucas lojas que têm, algumas vezes apresentam problemas para fazer a leitura no acto de pagamento, situação que me obriga a ter sempre notas por precaução”, referiu.

Apelou à sensibilização dos comerciantes sobre a facilidade que se tem com o uso das tecnologias de pagamentos electrónicos, ao mesmo tempo que alerta para os bancos comerciais reduzirem a burocracia para o cliente adquirir o TPA.

A política dos bancos comerciais deve ser mais atractiva, e deve ser feita de igual modo uma sensibilização aos comerciantes de modo a suprir as actuais dificuldades”, recomendou.

Já Alírio Gomes, que na ocasião se encontrava num dos ATM no centro da cidade, alega que além de precisar de fazer uso do dinheiro para o táxi, precisa de ter sempre valores em mão para engraxar os sapatos, cortar o cabelo e “nós que vivemos em bairros pouco desenvolvidos também não temos muitas opções de fazer pagamentos com cartão”.

Timóteo Gabriel conta que teve que sair do seu bairro na periferia para a Mutamba, onde, embora com enchentes, o processo é mais rápido. Porém, afirma que a maior parte dos serviços faz uso do cartão multicaixa e os serviços Internet Banking, no entanto muitas vezes “temos nos deparado com falhas nos aplicativos bancários e até mesmo nos TPA dos comerciantes”.

Com isso, ele prefere, sempre que recebe o salário, levantar algumas quantias para necessidades urgentes e até necessidades básicas.

“Gosto de bombó, banana com jinguba e as senhoras ainda não estão digitalizadas”, justificou.

Nereida Muxiri é de opinião que enquanto não se ter toda a população bancarizada vai ser impossível reduzir as enchentes nos ATM.

“Durante a semana fiz as compras nos armazéns e supermercado, mas vou precisar de ir à Praça do Trinta fazer alguns apanhados, como legumes, hortaliças e não só. A maior parte das comerciantes desses mercados não tem TPA”, disse.

O utente de multicaixa Mariano Jamba informou que trabalha com muitos comerciantes, mas nem todos aceitam pagamento por transferência bancária e não têm a cultura de usar as novas tecnologias, tendo ressaltado que muitas pessoas ainda usam os telefones analógicos e não estão informados da facilidade desses serviços.

Mariano Jamba, que também é proprietário de um bar, alega que embora tenha um Terminal de Pagamento Automático(TPA), existem clientes que não têm o cartão multicaixa, daí a necessidade de ter sempre notas para dar trocos. “Estou a cumprir a fila porque preciso de dinheiro para pagar o mecânico. Ele não aceita pagamento por transferência. Além disso, eu interajo com algumas pessoas que não usam as novas tecnologias”, informou.

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