Antigo homem de confiança de José Eduardo dos Santos, sobre o general Helder Vieira Dias “Kopelipa” pesam acusações de crimes de peculato, burla por defraudação, associação criminosa, entre outras.
O general Helder Vieira Dias “Kopelipa” começou a ser ouvido nesta Terça-feira, 21, pelo Tribunal Supremo (TS) angolano, no âmbito de um processo em que está acusado dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, tráfico de influências, associação criminosa e abuso de poder.
Segundo uma nota de imprensa do TS, trata-se do início da instrução contraditória requerida por Kopelipa, no âmbito do processo de arguição criminal. A instrução contraditória, uma fase facultativa em que tanto a acusação como a defesa intervêm diretamente como partes processuais e em que os arguidos podem ainda apresentar provas e argumentos ao juiz, está a ser conduzida por Nazaré Pascoal.
Neste processo, são também arguidos o advogado Fernando Gomes dos Santos e as empresas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited.
O general angolano, antigo homem de confiança do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos (já falecido), foi constituído arguido, tal como o general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, em 2020, num processo que envolve também a empresa CIF – China International Fund Angola, além da Plansmart International Limited e da Utter Right Internacional Limited, sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas.
Segundo o despacho de acusação, citado pela Lusa, as três empresas fizeram parte de um esquema montado pelos arguidos, que lesou o Estado angolano em vários milhões de dólares.
De acordo com o texto da acusação, tudo começou pelo acordo de financiamento celebrado em 2003 entre o Estado angolano e a República Popular da China, do qual surgiram, a partir de 2004, várias linhas de crédito com o EximBank, CCBB-Banco de Desenvolvimento da China e com a Sinosure- Agência Seguradora de Crédito à Exportação.
O esquema que prejudicou o Estado angolano terá sido montado quando Kopelipa foi nomeado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos para responsável do Gabinete de Reconstrução Nacional.
De acordo com a acusação, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior e Leopoldino Fragoso do Nascimento, juntamente com outros dois arguidos no processo, “concertadamente engendraram um plano para enganar o Estado angolano e, a pretexto de uma reestruturação, apropriaram-se” de imóveis construídos com fundos públicos e “comercializaram-nos como se deles se tratasse”.