Um império familiar que nasceu em Calabria, sul da Itália, e apresenta um design único no mundo da joalharia. Assim se pode definir a Pasquale Bruni, dentre muitos outros atributos associados ao luxo e elegância. Depois da Tailândia e China, Pasquale Bruni vira-se para o continente africano e Angola é a porta de entrada. Foi exactamente com este propósito que Simone Stefani, Regional Manager para África, esteve em nosso País para fazer o lançamento oficial da marca em parceria com a Espiral.
Um breve encontro com a Revista Outside resultou na entrevista que se segue:
Revista Outside: Eu já tive a curiosidade de vasculhar um pouco o seu LinkedIn, então não vou perguntar muito sobre si, mas, entretanto, reparei que já está neste setor há bastante tempo. E a minha pergunta inicial é: Como é que surge a ligação com a marca que agora representa?
Simone Stefani: A relação com Pasquale Bruni começou há 6 anos e tive a possibilidade de conhecer o dono da marca, o Sr. Pasquale Bruni, que é uma pessoa encantadora, que tem uma história fenomenal dentro da indústria. Nós ficamos com a mesma visão do desenvolvimento da marca e começamos a fazer uma trajetória de trabalho que elevou a marca a resultados muito fortes em muitos mercados e a África é, digamos assim, hoje em dia, o mercado com mais potencial. Quando tive a possibilidade de encontrar Wagner e Nuno, imediatamente percebi que são profissionais de alto nível, que estão a desenvolver um projeto muito interessante. E, no final, são a porta para a marca entrar no mercado africano, que para Pasquale Bruni é um mercado totalmente novo.
Qual é a vossa expectativa com relação ao mercado angolano, em particular, e do africano em geral?
Eu creio que tem de ser um processo, os clientes têm de conhecer a marca e a marca conhecer os gostos dos clientes. Certamente a visibilidade é importante e as lojas que a Espiral tem, que são diferentes, em diferentes lugares, podem apoiar e ajudar a marca por causa da visibilidade, que é fundamental para uma marca.
O marketing que a marca está fazendo, que é muito forte através dos embaixadores, seguramente é um apoio muito forte para o partner. E penso que somos os primeiros que têm e vão fazer eventos no mercado e seguramente isso vai dar um resultado muito forte.
Vocês pretendem apenas vender as vossas peças ou pretendem ir além e fazer parcerias, por exemplo, com artesãos e criadores angolanos?
Um dos objectivos é transmitir a beleza e as capacidades a nível do artesanato que temos na Itália. Pasquale Bruni tem muitas parcerias e vários projectos sociais em África. Está construindo hospitais, está construindo as escolas e isso pode que seja um desenvolvimento da partnership com a Espiral através deles de construir algo para a sociedade angolana. Como marca temos o objetivo de vender o produto, mas também fazer com que as pessoas apreciem o produto. Não é só a venda. Para uma marca internacional como a Pasquale Bruni é importante também comprometer-se com projetos sociais em todos os mercados onde começamos a trabalhar.
No ano passado vocês entraram no mercado da Tailândia e no princípio deste ano no mercado chinês. Isso expressa claramente uma política expansionista da vossa marca. Prontos, e agora o mercado africano. Para uma empresa que existe desde 1967, não acha que um pouquinho tardia essa expansão? E qual é o comentário que faz sobre isto.
O setor da joalharia é muito lento. Por exemplo, se falamos das marcas francesas que têm uma história de 200 anos, como pode ser um Boucheron, um Cartier, nós, em apenas 50 anos, já conseguimos estar apresentados em todo o mundo, mas normalmente a apresentação se faz através de lojas de multimarcas.
O próximo passo para o Pasquale Bruni é trabalhar também com as Boutiques Monomarcas. Já temos cinco e no próximo ano há mais sete que estão abrindo. Isso é o desenvolvimento futuro. E como é uma família e não é um grupo, e por isso a parceria com o Grupo Espiral compartilha muitos valores, porque quando você é uma empresa familiar e trabalha com uma família, é muito fácil falar entre os dois.
O grupo normalmente olha números, números, números. Uma empresa familiar vai mais tranquila, mas o que conta mais é a imagem da marca que tem de ser de alto prestígio. Os analistas falam de Pasquale Bruni como o próximo Van Cleef, ou seja, uma marca sofisticada, muito elegante. Essa é a trajetória de desenvolvimento de Pasquale Bruni.
Pronto, agora, falando especificamente da vossa estreia no mercado angolano, eu queria que falasse um pouco da coleção de lançamento que vocês apresentam.
O segredo para um brand é ter coleções icônicas. Quando você vê uma pessoa de longe, se você reconhece o produto que a pessoa está vestindo, isso é um brand. E, felizmente, Pasquale Bruni tem duas coleções que são icônicas. Uma é Giardini Segreti. É uma coleção onde a qualidade mais forte é o pavê de brilhantes. Pasquale Bruni é reconhecido por ser o melhor pavê de brilhante do mundo. Não é uma pedra só, mas são muitos brilhantes que se colocam um ao lado do outro.
É uma coleção que se inspirou nos jardins de Milão. Eugenia, que é a diretora criativa, filha do Sr. Bruni, estava sentada em um jardim de Milão e via o vento como estava movendo as folhas das árvores e isso dá essa dimensão, esse movimento da coleção. E a outra coleção icônica é chamada Bon ton, que é uma flor que havia sido desenhada pelo pai de Eugenia, há muitos anos, e Sr. Bruni sempre repete que é como quando éramos crianças e a primeira flor que você desenha tem cinco pétalas.
E isso sempre volta no storytelling de Pasquale Bruni porque, no final, ele é considerado um gênio do design e Eugenia também, porque a joalharia era clássica. Se você imaginar como era a joalharia, era de ouro branco e pedras, que podiam ser de esmeralda, safira, rubi. E o Sr. Bruni foi o primeiro que começou desenhando elementos naturais, estrelas, luas, o primeiro que escreveu e gravou em um anel a palavra amor. E através disso, conseguiu ser considerado um gênio do design da Joalheria.
A minha próxima pergunta é para desenvolver mais esse aspecto. É o que nós notamos que o vosso design tem muitos elementos florais. Está lá muito presente a flor de cinco pétalas. Queria que falasse um pouco mais sobre isso. Existe alguma razão especial para que seja assim?
A família é uma família do sul da Itália, o Sr. Bruni nasceu em Calabria, e é uma região onde a natureza é forte, não é industrializada. Tudo o que ele viu quando era um menino se transmite nas coleções que temos. Eugenia também tem um gosto estético para a natureza fenomenal, então os elementos que ela desenha estão muitas vezes conectados com a natureza. Também uma coleção das últimas que é Luce, que é uma coleção de ouro, que tem um elemento geométrico, redondo, mas tem uma relação com a lua, então você vê que se repete o elemento natural sempre e encontra muito o gosto das pessoas. Claramente há pessoas que gostam mais de formas geométricas e acontece que neste momento não encontrem em Pasquale Bruni o elemento exato que querem, mas nós sabemos que captamos muito interesse através desse design.
Perfeito, já estamos a finalizar, mas eu vou recuperar o que disse no princípio dessa conversa, falamos muito das qualidades da Espiral, que é a vossa parceira cá. Queria que contássemos um pouco da história do surgimento dessa relação com o vosso Partner cá de Angola.
Sim, bom, a Espiral, como todos os grandes grupos, sempre viaja para conhecer novas coleções nas exibições internacionais. E a Pasquale Bruni sempre estava presente nas exibições internacionais e algum dia Nuno e Wagner se apresentaram com um projeto, com uma apresentação muito interessante do grupo industrial que está atrás da empresa. Para nós, é sempre interessante conhecer possíveis partners. E nos conhecemos, os convidamos a Milano, a visionar as coleções, falamos muito sobre o que pode ser o projeto de desenvolvimento, que começa hoje com um evento, mas eu imagino que daqui a cinco anos, seguramente vamos ter, provavelmente, uma boutique monomarca com eles.
É um projeto que precisa de tempo, mas acho que temos todas as possibilidades, de fazermos as coisas bem, de nos tornarmos como a marca líder aqui em Angola, no setor de joalheria.
Antes desse contacto com a Espiral, já conhecia o mercado angolano. Tem algumas referências do mercado de joalherias aqui no nosso país ou na África no geral?
Não. O que conhecemos nos foi chegando através dos clientes que compram em Milano, Roma ou Paris. Essa procura já dava um sinal do potencial do Mercado. Também por causa das relações que há entre Portugal e Angola, mas quando há os encontros do Board of Directors, constantemente estamos falando de África como o mercado do futuro e Angola dentro desta discussão, sempre se põe como um dos líderes da distribuição africana.