Idealizado por Kalaf Epalanga e Nástio Mosquito, o Kizomba Design Museum apresenta, em São Paulo, Brasil, a cultura quizomba, manifestada por meio da música, gastronomia, dança e palestras. O evento multidisciplinar, que teve início no passado dia 6 de Setembro, inclui concertos, mesas-redondas com escritores e workshops. Paulo Flores, Ondjaki e Branko foram alguns dos artistas convidados ao certame.
O Kizomba Design Museum, plataforma transitória dedicada à preservação da história da cultura kizomba, apresentou, pela primeira vez,entre os dias 6 e 8 de Setembro, uma experiência imersiva na cidade brasileira de São Paulo, como parte da semana de abertura da 35ª edição da Bienal de São Paulo.
Fundado pelo escritor e produtor musical Kalaf Epalanga e pelo director criativo e artista multidisciplinar Nástio Mosquito, o Kizomba Design Museum fomentou o diálogo público e destacou a influência que essa cultura exerce sobre várias comunidades em todo oglobo.
No último dia de programação, o Kizomba Design Museum desvenda os segredos da kizomba, promovendo uma experiência sensorial que combina sabores e conversas com personalidades artísticas. Destacam-se as obras de Marissa J. Moorman em “Os Sons da Nação” e de Ondjaki em “Vou mudar a cozinha”, revelando os laços históricos e culturais de Luanda através da música e da culinária.
A primeira edição do certame encerra com um workshop de dança com o Colectivo Kizomba Yetu e o concerto de encerramento com Paulo Flores.
Através da música, gastronomia e performances, o evento chegou como um museu vivo e explorou o relacionamento intercultural entre a rica história do género musical e seu impacto social, económico e político dentro das diásporasdos países lusófonos.
A programação incluiuuma série de concertos na instituição Casa da Francisca, com os sons de Paulo Flores, Branko, Dino d’Santiago, Djodje, Kady e a participação especial de Russo Passapusso e Roberto Barreto, do grupo brasileiro Baiana System, entre outros.
Os ciclos de palestras e debates do evento reuniram na Livraria Megafauna, no icónico Edifício Copan, escritores e jornalistas angolanos e de outras nacionalidades, como Ondjaki, Yuliana Ortiz Ruano, Marisa Moorman, Semayat Oliveira e Kalaf Epalanga.
A Galeria Pivô, também no Edifício Copan, abrigou, por seu turno, o Mercado. O espaço reflectiu a influência da moda e do design no universo da kizomba, apresentando uma selecção de roupas, calçados, jóias e souvenirs. A galeria também foi palco de uma instalação sonora e da exibição de vídeos. Em frente a este espaço, o colectivo Kizomba Yetu realizou apresentações de música e dança.
Como não há festa africana sem boa comida à mesa, o restaurante Cuia, liderado pela chef Bel Coelho, e instalado na Livraria Megafauna, sediou uma experiência gastronómica inspirada na culinária dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), com um menu criado especialmente para a ocasião.
Para Kalaf Epalanga, um dos criadores do Kizomba Design Museum, “através da dança e do movimento” o evento“activa o espaço e proporciona insights sobre a interacção entre as nações africanas de língua portuguesa e o Brasil. Essa dinâmica cria um cenário ideal que é vibrante, actual e desperta todos os sentidos. Queremos destacar não só o significado histórico da kizomba, mas também garantir sua vitalidade contínua”, comenta.
“Muitas manifestações culturais diaspóricas são enquadradas como elementos que servem como plataformas lúdicas de uma presença legal, ou ilegal, tolerada ou apropriada”, diz, por seu turno o outro mentor do projecto, Nástio Mosquito. “Sabemos que esses gestos estéticos, gastronómicos e voltados para o entretenimento são plataformas factuais, financeiras e com potencial económico. O Kizomba Design Museum não é apenas uma celebração de cultura ou de sua identidade; é um gesto de cuidado, um gesto de doação a essa forma de arte e de justiça económica do mercado, alcançando a indústria da música, a indústria alimentícia e a indústria do entretenimento”, reforça.