Números são atribuídos à relativa estabilização da cotação do kwanza frente ao Dólar norte-americano e ao Euro observada em 2024, segundo estudo da Deloitte.
O valor total dos activos dos bancos comerciais no mercado angolano foi de 23 594 555 milhões de kwanzas no final do exercício de 2024, correspondendo a um ligeiro crescimento de aproximadamente 3,3%, bastante inferior ao ritmo de crescimento de 26,5% verificado em 2023, onde o valor se situou em 22.841.906 milhões de kwanzas, não sendo alheio a este facto a relativa estabilização da cotação do Kwanza face ao Dólar norte-americano e ao Euro registada em 2024.
Assim sendo, no ranking do total de activos, consolida a sua liderança desde 2018 o banco BAI, com um total de 4 535 532 milhões de kwanzas no exercício de 2024, comparativamente aos 4.537.439 milhões de kwanzas de 2023. Segue-se o BFA (3.858.680), BIC (2.304.664), ATL (2.001.647) e SBA (1.699.234) em milhões de kwanzas, que, juntos, representavam 61% do total dos activos, -3% comparado ao período homólogo em razão do decréscimo dos seus activos em 0,8%.
Ainda de acordo ao estudo, o crédito líquido concedido a clientes cresceu cerca de 15%, isto é, 5 701 640 milhões de kwanzas, impulsionado pelo crescimento de 18% do crédito bruto concedido. Nesta senda, o volume de depósitos captados registou um crescimento moderado de 2% face a 2023, atingindo 17 952 785 milhões de kwanzas.
No compto geral, o resultado líquido do desempenho do sector bancário em 2024 cresceu significativamente na ordem dos 59%, totalizando 822 mil milhões de kwanzas, em linha com o crescimento verificado em 2023. De acordo ao estudo da Deloitte, esta variação é explicada pelo crescimento na margem financeira (+25%) e dos resultados cambiais (+65%) com uma variação absoluta de 129 mil milhões de kwanzas face a 2023, resultante do aumento dos proveitos associados a transacções em moeda estrangeira.
Além disso, complementa o documento, os rendimentos de serviços e comissões cobrados pelos Bancos apresentaram no ano em questão um crescimento de 41% e, caso se excluísse o Banco Económico desta análise, que embora atravessando uma situação de “reestruturação técnica” há seis anos divulgou o relatório de contas dentro do prazo estabelecido pelo BNA, o crescimento dos resultados líquidos do sector bancário seria de apenas 1,2%.
José Barata, Presidente da Deloitte Angola, entende que o estudo é salutar para a melhoria do sector bancário angolano, tendo ainda apresentado seus maiores desafios, além de propostas de soluções.
“O presente estudo é uma contribuição para que sejam tomadas decisões estratégicas bem fundamentadas para o desenho de soluções financeiras personalizadas e mais adequadas as necessidades reais da população e para a prestação de um serviço mais eficiente, transparente e de confiança”, afirmou.
O estudo “Banca em Análise”, agora na sua 19ª edição, é realizado pela Deloitte Angola e baseia-se na compilação da informação financeira pública auditada em sede dos bancos a operar em Angola. Neste caso, o estudo foi elaborado com base na informação do balancete do 4.º trimestre de todos os bancos em actividade em 2024, com excepção do Access Bank Angola, S.A. (ACCESS) e do VTB África, S.A. (VTB).
Apresentado na manhã desta terça-feira, 10 de junho, no hotel Epic Sana, em Luanda, a sessão contou com a presença de Otonniel dos Santos, Secretário de Estado para as Finanças e Tesouso, em representação da Ministra das Finanças, Vera Daves; do Governador do BNA, Manuel Tiago Dias; de Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro de Portugal, que falou sobre a conjuntura económica e a geopolítica internacional; bem como um público constituído por Presidentes dos Conselhos de Administração e das Comissões Executivas dos bancos que fazem parte do sistema financeiro angolano.
