Insegurança jurídica e escassez cambial são algumas das preocupações apresentadas pelos empresários em encontro mantido ontem, em Luanda, com responsáveis da AIPEX e AGT.
Questionado sobre os principais desafios enfrentados pela instituição de que é responsável, Jerónimo Pongolola, Administrador da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), afirmou que os maiores desafios à captação de investimentos reside no contexto e, em parte, em algumas insuficiências dos próprios empresários. “É de parte em parte. Do nosso lado, acreditamos que o quadro está estabelecido e as condições estão criadas. Mas, por exemplo, do lado do investidor, às vezes alguns apresentam insuficiências nos seus processos”, afirmou Jerónimo Pongolola, enumerando vagamente, em seguida, as “questões contextuais não ligadas a uma entidade específica”, conforme disse, como outro dos maiores desafios.
Como mecanismos para “sanar” essas “insuficiências”, o Administrador da AIPEX apontou a necessidade de um trabalho conjunto, realçando o empenho da instituição que dirige, especificamente na “redução” da burocracia que a seu ver “não existe por parte da AIPEX”.
Todavia, alguns empresários e potenciais investidores ouvidos pela Revista Outside ao longo do encontro, refutaram as afirmações de Jerónimo Pongolola, Administrador da AIPEX, elencando a escassez cambial e elevada inflação, a insegurança jurídica, a morosidade e dificuldade no repatriamento de capital aos seus países, a onerosidade na obtenção de licenças bem como a exigência de vistos de negócios como alguns dos grandes inibidores da aposta no mercado angolano.
O Governo reconheceu o investimento privado como elemento importante no desenvolvimento do país, no entanto, na visão dos empresários e investidores entrevistados, na prática, Angola pouco está a fazer para reverter o cenário que remontam à estatísticas de anos precedentes.
Estatísticas apresentadas pelo Banco Mundial em 2020 no seu “Índice de Facilidade de Fazer Negócios” já indicavam Angola entre os países onde as empresas enfrentavam maiores dificuldades, tendo sido na altura classificana no 177⁰ lugar entre 190 economias, a qual acrescenta-se a colocação na 5ª posição entre os paíseseconomicamente menos livre do mundo no “Índice de Liberdade Económica” realizado pelo Instituto Fraser em 2017, na época a nove lugares abaixo de Moçambique.
