Angola apresenta “melhoria das perspectivas económicas”, mas com “riscos acrescidos devido à volatilidade do preço do petróleo”

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“Angola apresenta melhoria das perspectivas económicas, considerando um possível programa com o FMI e progresso nas reformas, mas com riscos acrescidos devido à elevada exposição à volatilidade do preço do petróleo”, revelou Fáusio Mussá, Economista Chefe do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo, durante a apresentação da III Edição do Briefing Económico de 2024, realizada ontem, 25 de Novembro, em Luanda. O evento, subordinado ao tema ‘Angola: perspectivas económicas’, reuniu clientes, parceiros e investidores.

Considerando que, do ponto de vista de crescimento económico, “2024 tem sido um ano de surpresas positivas”, Fáusio Mussá destacou “o forte desempenho do sector petrolífero no primeiro semestre de 2024 e do sector dos diamantes no segundo trimestre de 2024, que permitiram que o crescimento do PIB acelerasse para 4,3% ao ano no primeiro semestre de 2024, contra 1% ao ano em todo o ano de 2023”.

Sobre o próximo ano, o Economista Chefe do Standard Bank antecipou uma “desaceleração do crescimento do PIB para 2,9% em 2025, e de 3,9% em 2024, à medida que desacelera o crescimento da produção petrolífera”.

“No que respeita ao crescimento económico, além de uma desaceleração do PIB, perspectiva-se uma inflação alta, ainda acima de 20%, porque por um lado não está muito claro o que vai acontecer do ponto de vista cambial, sendo que o esperado progresso na remoção do subsídio aos combustíveis pode continuar a manter a inflação elevada. Do ponto de vista da conjuntura mundial, as perspectivas apontam para a redução do preço do petróleo.”

Fáusio Mussá sublinhou ainda que “apesar de algum alívio, o serviço de dívida continua elevado, o que limita o espaço fiscal”. “O superavit fiscal primário e o superavit da conta corrente da balança de pagamentos continuam críticos para ajudar a reduzir a dívida do Estado, as pressões do serviço de dívida e melhorar a oferta de moeda externa no mercado.”

De acordo com os dados da III Edição do Briefing Económico do Standard Bank, entre Junho de 2022 e Junho de 2024, a dívida para com a China reduziu em USD 6 mil milhões, para um saldo de USD 15.9 mil milhões, estando também a dívida doméstica a diminuir, já que no final de Setembro de 2024, a dívida interna (bilhetes do Tesouro mais obrigações) registou uma redução de 11,9% ano a ano para AOA12.bn ou 12.1% do PIB.

“O Governo pretende aumentar a despesa de investimento em 2025, o que deve ser acompanhado por reformas para ajudar a amplificar os benefícios sociais e económicos. A maior parte da receita em moeda externa do Estado, que resulta da contribuição do sector petrolífero, continua a ser canalizada para o serviço de dívida, o que limita as vendas de moeda externa pelo Tesouro, e resulta numa elevada procura insatisfeita de moeda externa”, explicou.

Fáusio Mussá anteviu ainda que, no que respeita ao próximo ano, “é pouco provável que o banco central decida vender ou desfazer-se de reservas para apoiar o mercado cambial”. “O BNA tem limitado as suas vendas de moeda externa para proteger as reservas internacionais. A escassez de moeda externa tem resultado na depreciação do kwanza e em inflação.”

Para o Economista Chefe, o progresso esperado na reforma do subsídio aos combustíveis pode traduzir-se numa “inflação que se mantém elevada por mais tempo, implicando pressões no custo de vida, pode traduzir-se numa desaceleração do crescimento do PIB no próximo ano”.

O Briefing Económico é um evento periódico criado em 2018 pelo Standard Bank, dirigido aos clientes da instituição, reguladores e instituições públicas, que apresenta uma visão geral sobre a conjuntura macroeconómica e perspectivas para o futuro da economia, revelando, por um lado, um conjunto de evoluções positivas e favoráveis para a economia nacional e, por outro, alguns dos desafios que se mantêm.

“Para uma economia crescer e criar riqueza, as empresas do sector privado têm de investir. Quem cria riqueza são as empresas, não é o Estado. Não podemos continuar a acreditar que o Estado é o principal investidor e promotor de projectos em Angola. Mas para as empresas privadas investirem, os seus gestores têm que ter confiança nas perspectivas futuras da economia e na sua previsibilidade”, salientou Luís Teles, CEO do Standard Bank de Angola.

Segundo Luís Teles, para Angola crescer é necessário “haver um enorme foco na simplificação do investimento privado, na necessidade de priorizar a melhoria do ambiente de negócios, na urgência de termos estabilidade macro-económico, com foco nas quatro taxas – de juro, de câmbio, de inflação e de crescimento PIB –, e uma total obsessão pela atracção de investimento estrangeiro”.

A terceira edição de 2024 do Briefing Económico contou ainda com a realização de um painel de debate, dedicado ao tema ‘O papel do investimento em infra-estruturas no crescimento económico’, com as intervenções de Danilo Trinchão, Director Financeiro da OEC África, Daniel Santos, Assessor do Conselho de Administração da Omatapalo, e Fáusio Mussá, Economista Chefe do Standard Bank.

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