As carteiras de crédito dos 20 bancos que publicaram os balancetes do III trimestre aumentaram 26% para 5,1 biliões Kz entre Janeiro e Setembro, mais 1,1 biliões face ao período homólogo, de acordo com cálculos do Expansão. Já os depósitos aumentaram 11%, ao passar de 15,7 biliões Kz para 17,5 biliões.
Contas feitas, o rácio de transformação de depósitos em crédito do conjunto de 20 bancos fixou-se em 29,3%, um crescimento face aos 25,9% registados no período homólogo. Ainda assim, trata-se de um valor consideravelmente baixo face ao que acontece em economias mais desenvolvidas, o que demonstra que o crédito tarda em assumir-se como uma prioridade para a banca, ao contrário do que acontece com a dívida titulada, onde o risco é menor.
As aplicações em títulos de divida pública, por outro lado, apesar de terem registado um crescimento homólogo de apenas 2% para 7,1 biliões, representam 40,6% dos depósitos dos clientes bancários, o que demonstra a preferência dos bancos por investimentos em títulos em vez de conceder créditos aos clientes bancários. Ainda assim, face ao mesmo período de 2023, este rácio caiu, precisamente de 44,3%.
Quanto à recorrente aposta neste tipo de activos, isto justifica-se pelo facto de terem uma boa remuneração ( juros) e serem seguros, explica o economista Heitor Carvalho. “Os bancos obtêm suficiente remuneração com o crédito ao Estado, o que desencoraja o investimento em sistemas e pessoas para tratar do crédito à produção, o que retroage e o torna ainda mais arriscado. Os níveis de inflação, pouca transparência da informação económica, em geral, e dos negócios, em particular, tornam o crédito à economia muito arriscado. Num contexto onde está disponível o crédito ao Estado em abundancia, bem remunerado e sem risco, o crédito à economia torna-se quase impossível”, sublinha.