As receitas brutas de exportação de petróleo aumentaram 5% para 24,0 mil milhões USD nos primeiros nove meses do ano, face ao período homólogo, de acordo com cálculos do Jornal Expansão com base nos dados apresentados recentemente pelo Ministério dos Recursos Minerais Petróleo e Gás (MIREMPET).
Na base estão o aumento do preço médio de exportação que saiu de 80,3 USD para 81,7 USD entre Janeiro e Setembro – o que representa um aumento de 2% em relação ao mesmo período de 2023 – mas também o aumento dos barris exportados, já que foram vendidos lá para fora mais 10,0 milhões de barris faces aos primeiros nove meses do ano passado, um crescimento de 4%.
Assim, o aumento do volume de barris exportados deve-se, essencialmente, a um aumento da procura de crude nos mercados internacionais, bem como o aumento da produção em território nacional, revertendo assim a trajectória de declínio da produção iniciada em 2014, que é resultado do declínio natural do tempo de vida dos poços petrolíferos.
Tal como explica o analista do mercado petrolífero da PetroAngola, Waldir Pereira, as exportações ganharam força graças ao aumento da produção de petróleo especificamente nos Blocos 0, 17, 15 e 32, “que no âmbito dos projectos de redesenvolvimento testemunharam a entrada em produção de novos poços desde o ano passado”. Aliado a isso, segundo o especialista, está a melhoria da eficiência operacional das instalações petrolíferas.
“É importante recordar que em 2023 a produção de petróleo registou uma baixa devido às operações de manutenção em alguns blocos petrolíferos, mas agora os níveis de produção estão a recuperar, de modo que hoje estamos a produzir no limite da nossa capacidade máxima”, reforçou.
Petróleo produzido até Setembro vale 80% do previsto no OGE
Assim, Angola produziu entre Janeiro e Setembro quase 310,8 milhões de barris de petróleo, equivalente a uma média diária de 1,134 milhões de barris, o que representa um crescimento de 4% face aos 1,090 milhões produzidos diariamente em média nos primeiros nove meses do ano passado, com base nos relatórios mensais da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).
O que Angola produziu nos entre Janeiro e Setembro deste ano equivale a 80% dos 388,0 milhões de barris que o Executivo previu no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2024, e está acima dos 1,10 milhões de barris/dia apontados no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023- -2027 para este ano. Contas feitas, Angola produziu 13,0 milhões de barris a mais entre Janeiro e Setembro deste ano face ao período homólogo de 2023. Com este aumento, a produção média nos primeiros nove meses ficou em 1,134 milhões de barris/dia. Angola está assim 74 mil barris acima dos 1,060 milhões de barris/dia de média que o Governo inscreveu no OGE de 2024.
O aumento da produção que se tem verificado durante este ano teve forte influência no crescimento do PIB do primeiro semestre, período em que a economia angolana registou o maior crescimento num I semestre em 9 anos. O petróleo, que representou 31,8% do PIB no primeiro semestre, disparou 4,7% face ao período homólogo, depois de em 2023 ter caído 5,4% face ao I semestre de 2022, sobretudo devido a paragens programadas e não programadas nos blocos petrolíferos. Isto porque 2022 foi um ano de alta de preços do barril de crude, tendo as petrolíferas, pressionadas pelo Executivo, literalmente “aberto as torneiras”, o que acabou por se pagar mais tarde, com a necessidade de reparações em alguns dos principais blocos do País.
Contudo, o sector do petrolífero continua a ser o sector com maior peso no PIB, apesar de ter vindo a cair nos últimos anos, devido ao declínio natural da produção, que já roubou mais de 700 mil barris de petróleo por dia em meia dúzia de anos à produção nacional.