Maior procura por seguros petroquímicos, de saúde e de acidentes de trabalho reflete a importância do sector na economia, defende especialista

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Ricardo Vinagre, Partner da EY Angola – Assurance e Financial Services, defendeu, durante o IX Fórum Seguros, em Luanda, que o peso do petróleo, indústria e serviços no PIB angolano “reflecte-se numa maior procura por protecção de seguros petroquímicos, de saúde e de acidentes de trabalho”.

Numa análise ao sector segurador em Angola, Ricardo Vinagre afirmou que a economia angolana “continua a ser fortemente dependente do petróleo e gás, criando uma necessidade de protecção contra riscos específicos deste sector”. Já os serviços e indústria representam “uma fatia crescente da economia, aumentando a necessidade de seguros de saúde e acidentes de trabalho para protecção dos trabalhadores”.

Segundo dados referentes a 2024, o mercado angolano é liderado pelos seguros de doença, com 30,44%, seguindo-se a petroquímica (21,54%) e os acidentes de trabalho (9,32%). 

“A liderança dos seguros de doença no mercado reflecte a importância de cobertura de saúde numa economia de serviços em expansão, como uma população mais informada e preocupada com o seu bem-estar”, afirmou.

Durante a apresentação ‘Os Seguros como Protecção da Actividade Económica: Principais Produtos’, o Partner da EY Angola explicou, no que toca à actividade seguradora em Angola, regista-se uma “flutuação na produção de seguros, enquanto o índice de penetração apresenta uma tendência de queda, indicando potencial para expansão no sector”.

Acerca dos principais desafios do sector segurador, Ricardo Vinagre enumerou a baixa penetração no mercado, a modernização e transformação digital, os desafios macroeconómicos, a rede de distribuição limitada, os desafios na contratação de profissionais qualificados e a insuficiente educação financeira.

Já no que concerne às oportunidades de expansão e crescimento da actividade seguradora, apontou “o desenvolvimento de micro-seguros acessíveis e a realização campanhas de sensibilização focadas nas vantagens da protecção, especialmente em zonas rurais e populações de menor rendimento”, bem como “a expansão através de InsurTech para digitalizar processos e oferecer serviços online e mobile, facilitando o acesso aos seguros e reduzindo custos operacionais”.

O alargamento da oferta para sectores menos dependentes do petróleo, como a agricultura e pequenas empresas, e a adaptação de prémios para períodos de inflação de forma a manter a acessibilidade, assim como o estabelecimento de parcerias com bancos, cooperativas e redes de retalho para ampliar a distribuição e facilitar o acesso aos seguros em regiões remotas, são outras das oportunidades de expansão do sector.

“Devemos ainda considerar a criação de programas de formação especializados em parceria com universidades locais e a atracção de especialistas para promover a inovação no sector, sem esquecer a implementação de iniciativas de literacia financeira em escolas e comunidades, e a promoção do valor dos seguros para fomentar uma cultura de protecção financeira”, defendeu.

Ricardo Vinagre abordou ainda o seguro agrícola, acedido por menos de 5% dos agricultores angolanos. “A agro-pecuária representa 6% do PIB de Angola, sendo um sector estratégico com potencial ainda pouco explorado. A meta do Governo é atingir 20% de cobertura de seguro agrícola, aumentando a resiliência do sector.”

Sobre o seguro de mercadorias transportadas, e realçando esperar-se o movimento de cinco milhões de toneladas de mercadoria pelo Corredor do Lobito, o Partner da EY Angola defendeu tratar-se de um seguro que “protege mercadorias contra danos e furtos, essenciais para operações de importação e exportação, e garante segurança para parceiros comerciais, promovendo o crescimento do sector logístico, sem esquecer que é essencial para facilitar a exportação de minerais e tornar Angola num centro logístico estratégico”.

“Com estas oportunidades em vista, Angola demonstra estar focada e consciente do seu percurso rumo a um desenvolvimento económico sustentável”, concluiu.

Subordinado ao tema ‘A Contribuição dos Seguros na Diversificação Económica’, o IX Fórum Seguros realizou-se esta manhã, no Hotel InterContinental, com a presença de empresários, decisores políticos e especialistas do sector segurador. 

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