Receitas de exportação de gás caíram 38%, totalizando 969,5 milhões USD no primeiro semestre

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A queda da produção do gás deve-se ao declínio da produção de petróleo que tem se verificado nos últimos anos, uma vez que a produção de gás está associada ao petróleo. O declínio da produção petrolífera é uma realidade no País, não só pela redução dos investimentos, mas também pelo desgaste dos campos.

As exportações de gás caíram 38% para 969,5 milhões USD no primeiro semestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA). A culpa é do declínio da produção e queda do preço nos mercados internacionais.

No primeiro semestre, Angola exportou 18.377,8 mil barris de óleo equivalente (BOE), menos 3.275,2 mil barris em relação aos primeiros seis meses do ano passado, ao preço médio de 52,6 USD contra os 69,3 USD do período homólogo, o que rendeu receitas brutas de 969,5 milhões USD. Em 2023 o cenário foi ainda pior, já que as receitas brutas com a exportação afundaram 56%, ao passar de 6.471,5 milhões USD em 2022 para 2.820,4 milhões USD no ano passado, devido, sobretudo, à queda do preço.

Ainda assim, o gás é o segundo principal produto de exportação de Angola, representando 5% do total das vendas do País ao exterior, depois do petróleo com um peso de 88% nas exportações do primeiro semestre.

A queda nas exportações do gás deve-se, sobretudo, ao declínio da produção de petróleo que se tem verificado nos últimos anos, já que a produção de gás está associada ao petróleo. O declínio da produção petrolífera é uma realidade no País, não só pela redução dos investimentos, mas também pelo desgaste dos campos. Importa realçar que cerca de 45% dos 1.630 poços de petróleo perfurados no País estão fechados, embora nem todos definitivamente abandonados.

Tal como explica o especialista em energia, petróleo e gás, Flávio Inocêncio, o declínio do gás natural produzido em Angola está associado ao declínio natural dos poços, estimados entre 5% e 10% ao ano. “À medida que a nossa produção de petróleo cai, também cai a produção de gás natural. A não ser que Angola descubra gás natural não associado em quantidades suficientes para poder repor esse declínio natural dos poços”, disse.

Apesar do declínio que tem se verificado nos últimos anos, nos primeiros seis meses deste ano, a produção de petróleo, que representou 31,8% do PIB no primeiro semestre, disparou 4,7% face ao período homólogo.

No entanto, segundo o plano director do gás, devido ao declínio da produção de petróleo nos blocos offshore, o fornecimento de gás associado a fábrica da Angola LNG deverá ser diversificado incluindo fontes adicionais, o que obriga a Angola LNG a procurar fontes alternativas para garantir o funcionamento regular da fábrica.

Os dados mais recentes apontam que a produção total de gás associado de Angola é de aproximadamente 2,680 milhões de pés cúbicos padrão por dia (MMSCFD), dos quais cerca de 75% é utilizado nas operações e 25% são transportados para a fábrica Angola LNG. Importa referir que o sector do gás natural em Angola contempla a existência de dois centros de aproveitamento de gás localizados nas províncias de Cabinda e Zaire. O primeiro é o Sanha LPG FPSO, primeiro projecto de utilização do gás associado implementado pela Associação de Cabinda (Bloco 0), cujas instalações possuem uma capacidade de processamento de 6.000 metros cúbicos por dia e armazenamento de 135.000 metros cúbicos. O segundo é a fábrica Angola LNG, no Soyo, projectada para um período de 25 anos, com uma capacidade nominal de processamento de 1.075 milhões de pés cúbicos de gás por dia e de produção de 5,2 milhões de toneladas de Gás Natural Liquefeito (LNG) por ano, para além do propano, butano e condensados.

Assim, o fornecimento de gás natural ocorre por via do gás associado, considerando uma produção comercial com reservas de cerca de 5,8 triliões de pés cúbicos, dos quais (11,6%) correspondentes ao gás doméstico.

Importa realçar que segundo os dados tornados públicos pelo Ministério das Finanças sobre a subsidiação aos combustíveis, em 2023 foram comercializadas cerca de 410 mil toneladas métricas de gás de butano a um custo total de 198,4 mil milhões Kz, mais 15% em relação ao ano anterior, o que revela que o Estado subsidiou em 169 mil milhões o consumo de gás das famílias angolanas, um aumento de 17% (mais 24,7 mil milhões) do que os gastos de 2022.

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