Falta de divisas. Imigrantes residentes em Angola enviaram menos USD 203 milhões para o exterior no primeiro semestre deste ano

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Os estrangeiros a viver em Angola enviaram cerca de 112,9 milhões USD em remessas para o exterior no primeiro semestre deste ano, o que representa uma redução de 64% face aos 315,9 milhões USD registados no mesmo período do ano passado, divulgou o jornal Expansão.

Contas feitas pela publicação, os imigrantes enviaram menos 203 milhões USD nos primeiros entre Janeiro e Junho, segundo cálculos do Expansão com base nos relatórios trimestrais sobre as remessas e outras transferências pessoais do Banco Nacional de Angola (BNA).

A culpa é da falta de divisas mas também da forte desvalorização cambial que se tem verificado desde o ano passado, uma vez que são precisos mais kwanzas para comprar dólares ou euros. Com o kwanza mais fraco, menos disponibilidade de moeda estrangeira para atender às necessidades dos clientes e com elevada procura dos clientes, os bancos apresentaram grandes dificuldades para transferir divisas para o exterior, e muitas transferências levavam cerca de três a quatro meses para serem concluídas, o que acabou por impactar negativamente também nas remessas dos imigrantes e outras transferências para o exterior.

Se as remessas para fora registaram uma queda, as remessas dos angolanos que estão no exterior cresceram 35% para 7,3 milhões USD. Ainda assim, parece que a diáspora angolana parece não ter interesse em regressar ao País e guarda o seu dinheiro lá fora. Só para termos noção, o que Angola recebeu dos seus emigrantes na diáspora vale apenas 6% das remessas que os expatriados enviam para os seus países de origem.

Assim, o saldo das remessas e outras transferências pessoais registou um défice de 105,6 milhões USD, à semelhança dos períodos anteriores, quase na mesma proporção das remessas enviadas para o resto do mundo, já que as remessas recebidas do exterior continuam a registar valores muito baixos.

É importante referir que as remessas são rendimentos enviados pelos residentes de um país para outro país, e representam uma importante fonte de rendimento para as famílias, potenciando o crescimento e o desenvolvimento. Na generalidade dos países em desenvolvimento (Angola é excepção), as remessas representam uma soma considerável, o que as tornam a segunda fonte de financiamento destes países, ficando somente atrás do investimento directo estrangeiro. As condições macroeconómicas do País e a falta de instrumentos financeiros atractivos ou alternativos ao investimento são algumas das causas da crescente saída de remessas do País, tal como se verificou entre 2019 e 2022.

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