A multinacional De Beers identificou oito novos kimberlitos (rochas associadas à produção de diamantes) em Angola, na Lunda Sul e juntou-se à Endiama para explorar mais seis áreas no país, disse à Lusa o presidente da empresa.
Al Cook, que se encontra em Angola para participar na 2.ª Conferência Internacional dos Diamantes de Angola, mostrou-se satisfeito com o regresso da empresa ao país africano, em 2022, elogiando as reformas do executivo liderado por João Lourenço e a melhoria da transparência que permitiram à multinacional voltar.
Atualmente, a empresa tem duas licenças de exploração mineira em Angola, encontrando-se ainda na fase de prospeção, recorrendo a meios aéreos para fazer levantamentos eletromagnéticos antes de iniciar a fase de escavações, disse o responsável da De Beers, à margem da conferência que decorre hoje e quinta-feira em Saurimo, capital da Lunda Sul, região onde se produz a maioria dos diamantes angolanos.
A De Beers tem estado também a trabalhar com o Governo angolano na área de desenvolvimento de políticas, lapidação e marketing, para que se possa, não só produzir os diamantes, mas também comercializá-los como “uns dos melhores diamantes do mundo”.
Questionado sobre a duração desta fase de prospeção, disse que não tem um período definido, já que a exploração só se inicia se se encontrar um kimberlito (a pedra que contem os diamantes) com viabilidade comercial e económica.
“Aí começaremos os nossos projetos, e, se formos bem-sucedidos, isso levará à primeira produção por volta de 2030”, adiantou, em entrevista à Lusa.
Al Coook escusou-se também a referir os valores de investimento, assegurando que são de grande montante, e deu como exemplo a mina de diamantes que a De Beers está a desenvolver na África do Sul e onde já investiu 2,5 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros).
Esta atividade com aeronaves de pesquisa, apoiadas por um helicóptero, permitiu ainda identificar oito novos kimberlitos de elevado potencial em que a De Beers está a trabalhar, na província diamantífera da Lunda Sul, bem como outros seis projetos, em conjunto com a diamantífera estatal angolana Endiama, em todo o país.
Al Cook abordou ainda o tema da rastreabilidade de diamantes em Angola, na sequência do anúncio feito na segunda-feira pelo secretário de Estado para os Recursos Minerais angolano que anunciou a aquisição de uma máquina pela Sodiam (empresa estatal angolana de comercialização de diamantes) para rastrear diamantes e certificar a sua origem.
“Pela primeira vez na história temos essa tecnologia, que nos permite traçar a história de cada diamante. Atualmente podemos dizer se é um diamante da Namíbia ou do Botsuana e vamos poder dizer às pessoas que estes diamantes vêm de Angola. Temos de fazer com que os diamantes de Angola sejam realmente vistos como algo de valioso”, sublinhou.