Em Agosto, a Fundação Lisima organizou uma visita de dez artesãos e camponeses provenientes da comuna do Tempué no Moxico para conhecerem organizações comunitárias e cooperativas de artesanato e agricultura no Zimbabué. Esta viagem teve como objectivo proporcionar uma oportunidade única aos representantes locais do Programa de Meios de Subsistência Sustentável da Fundação Lisima de interagirem com líderes e membros de organizações que existem há mais de vinte anos, além de conhecerem as suas estruturas de governança e operações. Assim, ao
reflectirem sobre o que é possível, encontrarão inspiração para construir as suas estruturas
fundamentadas nas suas próprias experiências e alinhadas com os seus valores e tradições.
Os dez representantes, que incluem cinco mulheres e cinco homens, foram selecionados pela própria comunidade pela sua dedicação aos programas de artesanato e agricultura em curso no Tempué. Esta viagem levou-os a atravessar cinco cidades entre Angola e Zimbabué: Luanda, Harare, Masvingo, Mwenezi e Lupane. Nestas cidades visitaram a Fundação Zienzele, o Centro de Formação para o Desenvolvimento de Mwenezi, o Fundo para o Desenvolvimento das Mulheres de Lupane e o Centro de Artesanato de Binga, todas organizações comunitárias estabelecidas há mais de 25 anos.
Em Harare a equipa esteve com a representante da Fundação Liechtenstein para a África Austral, Elizabeth Atzinger, para conhecer a sua trajectória e as estruturas desta Fundação, que se dedica ao desenvolvimento rural e à educação. Após essa interação, a equipa visitou o Centro Nacional de Artesanato em Harare, onde foi guiada pelo Director-Geral, Martin Kwaramba, por diversas peças expostas provenientes de várias regiões do país. O Centro Nacional de Artesanato desempenha uma função dupla: preservar o património cultural do Zimbábue e gerir as exportações e vendas em nome dos artesãos espalhados por todo o país. Essa visita proporcionou uma visão abrangente do sector artesanal no Zimbábue.
Na cidade de Masvingo visitaram a Fundação Zienzele onde foram recebidos pela sua co-fundadora, Dra. Prisca Nemapare. Esta fundação, que actua há mais de 25 anos, foi criada em resposta às necessidades nutricionais e educativas de crianças em comunidades carentes do Zimbábue, muitas das quais são órfãs. A Fundação Zienzele tem como objectivo principal apoiar 14 escolas rurais situadas em áreas remotas, beneficiando um grupo de artesãs que representa cerca de duas mil mulheres.
Em Masvingo, a visita ao Centro de Mulheres de Berejena, da Fundação Zienzele, destacou a força do colectivo de mulheres que construíram algumas das infraestruturas do centro. O encontro entre os artesãos de Lisima e as artesãs de Berejena foi um momento marcado pela troca de conhecimentos e técnicas de fabrico de artesanato.
O grupo visitou também Mwenezi, um pequeno distrito no sul da província de Masvingo, onde visitou o Centro de Formação para o Desenvolvimento de Mwenezi. Sob a liderança de Promise Mokoni, o centro dedica-se à agricultura e à segurança alimentar. Durante a visita às hortas comunitárias, localizadas a cerca de uma hora do centro, foi possível observar como uma gestão eficiente da água pode beneficiar toda a comunidade. Essa abordagem não só proporciona alimento para as famílias, mas também gera renda através da venda dos produtos cultivados.
A recta final da jornada levou-os ao distrito de Lupane, situado a aproximadamente sete horas de Harare, onde tiveram a oportunidade de visitar o Fundo de Desenvolvimento das Mulheres de Lupane e de ter um encontro com o director do Centro de Artesanato de Binga, Matabbeki Mudenda. Durante os quatro dias em Lupane, o grupo teve a oportunidade de explorar aldeias remotas que evidenciam o potencial de comunidades isoladas que prosperam por meio de abordagens e esforços colectivos. Além disso, com o director do Centro de Artesanato de Binga conheceram o processo de produção de peças, incluindo aspectos como controlo de qualidade e gestão de encomendas em áreas remotas.
A principal missão desta viagem foi proporcionar aos dez representantes locais do Programa de Meios de Subsistência Sustentável a oportunidade de conhecer diversas realidades e práticas de organizações comunitárias consolidadas. Agora, têm a importante responsabilidade de partilhar estas experiências com a comunidade para que, em conjunto, possam trabalhar no desenvolvimento de projectos que lhes permitam garantir rendimentos adequados, promover o bem-estar colectivo e contribuir para a conservação dos seus recursos a longo prazo.
Nesta viagem a Fundação Lisima procurou também encorajar o apoio a projectos actuais e futuros que fortaleçam a sustentabilidade ambiental e económica das comunidades locais.