BPC recupera Kz 6,5 mil milhões de crédito em sete meses

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O Banco de Poupança e Crédito recuperou, nos primeiros sete meses deste ano, cerca de 6,5 mil milhões de kwanzas de empréstimos concedidos a empresas e pessoas singulares, um valor que superou o crédito reembolsado em todo ano de 2023, período em que se registou a recuperação de Kz 6,1 mil milhões.

O facto foi anunciado esta quarta-feira, em Luanda, pelo presidente do Conselho de Administração do banco estatal angolano, Cláudio Pinheiro, tendo lembrado que esse reembolso faz parte de um universo de cerca de 400 mil milhões de kwanzas da carteira de crédito malparado sob responsabilidade do BPC.

Em entrevista à ANGOP e ao Jornal de Angola, recordou que, em 2022, foram recuperados 11,8 mil milhões, enquanto, em 2021, o valor foi de 10,8 mil milhões e em 2020 de Kz 16,6 mil milhões, respectivamente.

Realçou que o maior número de reembolso foi registado nos primeiros três anos (2020, 2021 e 2022), fruto do programa “Renascer Mais”, enquadrado no Plano de Reestruturação e Recapitalização (PRR)  do BPC, iniciado em 2019, que motivou alguns clientes devedores pagarem a totalidade dos seus empréstimos.

Referiu que esse plano,  que já foi concluído em 2023, previa o perdão de 100% de juros de mora, 50% de juros contratuais e de capital,  factores que incentivaram os devedores a avançar com a liquidação da dívida.

No total, afirmou que o PRR permitiu recuperar cerca de 52 mil milhões de kwanzas dos 400 mil milhões do crédito malparado do BPC.

Por outro lado, Cláudio Pinheiro acrescentou que do valor malparado, o banco também reestruturou (alteração/ajuste no prazo de reembolso, com perdão de juro de mora) cerca de 46,8 mil milhões de kwanzas, o que corresponde perto de 10% do montante total.

Ainda nesse domínio, avançou que, este ano (2024), foram, igualmente, reestruturados cerca de 3,9 mil milhões de kwanzas.

Com isso, prosseguiu,  registou-se a restruturação de cerca de Kz 50 mil milhões, em um ano e sete meses.

Soluções de crédito

Entre as soluções de empréstimo disponível no BPC, Cláudio Pinheiro assegurou que o banco continua a conceder o crédito “BPC 4 vezes”, que esteve suspenso num período de uma semana,  para a manutenção do produto, com níveis de procura elevada por parte dos clientes.

Avançou que esse empréstimo pode se ter acesso num espaço de tempo de apenas cinco dias úteis, no máximo, sem necessidade de um avalista, mas exige o pagamento do  seguro.

A par desse produto, o gestor do BPC disse também que continua o crédito  “BPC Pensionista”, uma solução de empréstimo dirigida aos reformados.

Questionado sobre a suspensão do pacote de crédito denominado “BPC 10 vezes”, justificou que se cancelou este tipo de empréstimo”, que era dirigido a particulares, para evitar o desequilíbrio do balanço do banco, visando potenciar a instituição bancária de uma robustez financeira e expandir a concessão de créditos de forma gradual .

Esclareceu que esse produto era para ser reestruturado e reativado, em princípio, mas, até ao momento, o banco “não teve condições para o efeito”.

Apesar da descontinuidade desse crédito, Cláudio Pinheiro lembrou que, em 2023, o valor de empréstimo concedido às famílias (particulares) foi de 347 mil milhões de kwanzas, enquanto para empresas cifrou-se em Kz 49 mil milhões, facto que impactou positivamente na procura e oferta de bens e serviços no mercado interno.

Apontou a indústria, o comércio e o segmento das importações de fertilizantes, assim como o consumo das famílias como as principais áreas que absorveram o total do crédito concedido.

Porém, para preencher a lacuna do BPC 10 vezes, o PCA garantiu que, nos próximos tempos, vai ser lançado a solução “Crédito Resolve”, um produto que se enquadra bem na estratégia do banco do sector empresarial público, que pretende criar um ecossistema interativo entre os clientes e fornecedores de bens e serviços essenciais no mercado angolano.

“Apesar de ainda não termos um horizonte temporal para a implementação desse produto,  mas garanto que esse crédito vai mesmo resolver as principais necessidades básicas dos clientes, com realce para a aquisição de bens essenciais, como eletrodomésticos, meio de transporte ou crédito automonível, por exemplo”, assegurou.

Adiantou que o processo para o início do Crédito Resolve já está “muito avançado”, estando na fase de avaliação dos parceiros e dos produtos disponíveis no mercado, para depois rubricar os possíveis acordos, um desafio que se prevê concluir ainda este ano.

Na ocasião, o gestor lembrou também que o BPC está a operacionalizar, desde 2018, uma linha de crédito do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) avaliada em 120 milhões de dólares, dos quais 23 mil milhões de kwanzas foram aprovados para o segmento empresarial e desembolsados Kz 18 mil milhões, fruto da aprovação de seis projectos, nos últimos três anos.

Clarificou que essa linha de financiamento está, essencialmente, acoplada aos requisitos relacionados com a viabilidade económica e financeira dos projectos, bem como a sustentabilidade ambiental, cumprindo com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Com 3 400 funcionários, o BPC possui 261 unidades de atendimento em todo o país.

A 14 de Agosto deste ano, no âmbito da celebração dos  49 anos da Banca Angolana, a instituição reinaugurou o seu edifício-sede, em Luanda, com 20 pisos úteis, dois pisos técnicos, tendo cada piso duas direcções, deixando de ter o espaço residencial que o anterior edifício tinha.

A infra-estrutura tem capacidade mínima para albergar 650 funcionários, bem como comporta um ginásio e uma área de lazer, contando com um centro de empresa, parte institucional.

A sede do banco foi inaugurada, pela primeira vez, a 28 de Janeiro de 1967, tendo sido, no início, sede do BCA (Banco Comercial de Angola), que só passou a BPC já na década de 90.

Antes, a 11 de Novembro de 1975, o banco foi rebaptizado com o nome de Banco Popular de Angola (BPA)

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