Os sons de edifícios desocupados de Luanda revivem a história da cidade em “EKKO”. A performance do colectivo KOSMIK envolve o espaço da Livraria Kiela, no bairro Alvalade, no próximo dia 30 de Agosto, às 19 horas. “EKKO” estreou-se há dois meses no Festival “O Futuro já Era”, organizado pelo Goethe-Institut Angola.
Com o apoio do Goethe-Institut Angola e da Livraria Kiela, “EKKO” oferece uma experiência imersiva e provocadora, que convida o público a reflectir sobre o passado, presente e futuro de Angola. A segunda apresentação da performance, na Kiela, alarga esta reflexão a um público mais abrangente, depois da estreia no Festival “O Futuro já Era”, do Goethe-Institut Angola.
“EKKO” propõe uma reflexão sobre a memória de edifícios abandonados ou em desuso em Luanda, utilizando uma fusão inovadora de arte, som e tecnologia. A ideia nasceu da proposta do Goethe-Institut para pensar a arquitectura urbana, e busca explorar como sons e memórias “presos” nas estruturas desses edifícios podem contar as suas histórias esquecidas.
“Somos confrontados diariamente com edifícios vazios de várias eras, sem sabermos exactamente como chegaram ao estado actual, e sem informação de eventuais planos para o futuro dos mesmos. Alguns substituíram estruturas históricas que já padeciam da falta de utilização, e que nunca foram concluídos ou explorados. A reflexão e o diálogo sobre tópicos como a era colonial, a guerra civil, o boom económico e a crise financeira actual ainda são de certa forma tabu e os edifícios abordados em ‘EKKO’ são testemunhas silenciosas dessas eras”, reflecte Tiago Oliveira, co-fundador e músico do projecto KOSMIK.
A pesquisa sonora foi o ponto de partida para esta criação que mescla equipamento electrónico com elementos orgânicos, como vozes e percussão. Um destaque da performance é a “Máquina”, um instrumento improvisado com objectos encontrados nos edifícios, que conecta o público directamente com os espaços explorados.
Além da dimensão artística, “EKKO” toca em questões como o património arquitectónico e a urbanização em Angola, questionando o futuro dos edifícios abandonados e a necessidade de revitalização cultural. A obra, que também explora a intersecção entre arte e ciência, pretende estimular o diálogo sobre o uso desses espaços, bem como a sua importância na identidade cultural do país.
A equipa artística KOSMIK é constituída por Tiago Oliveira (teclista e programador), Ricardo Carmo (guitarrista), Ediene Dolbeth e Costa (baterista e percussionista), Kássio Rodrigues (vocalista e guitarrista), Milton Ebed (performer e responsável pela vertente visual) e Paulo Cochat (direcção de iluminação).