O Governo angolano assinou hoje um acordo que prevê a interligação elétrica com a República Democrática do Congo e Zâmbia, através de uma linha com mais de 1.200 quilómetros, um investimento privado de um milhão de euros.
O objetivo é avançar na integração regional da energia e vender eletricidade a empresas, sobretudo ligadas à indústria mineira, adiantou o ministro da Energia e Águas (Minea), João Baptista Borges, na assinatura do memorando de entendimento que envolve o Minea, a Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, a Promarks Energy e Trafigura (promotores).
Angola tem um excedente de produção de energia que pode ser exportado para uma região “onde a procura é significativa, principalmente relacionada com a exploração mineira”, sublinhou, acrescentando que o projeto pode atender a procura de outros países e assegurar as trocas nos dois sentidos (exportação e importação).
Atualmente, Angola tem uma capacidade instalada de produção de energia de 6500 megawatts (MW) e uma procura interna de apenas 2300 megawatts, estando previsto fornecer até 2000 megawatts (MW) à região leste da Zâmbia e da RDCongo através desta linha.
A faturação anual prevista aproxima-se dos 750 milhões de dólares.
A linha vai ligar a zona do Médio Kwanza onde se concentra a principal capacidade instalada de Angola ao chamado Cinturão de Cobre, devendo a execução da infraestrutura demorar cerca de dois anos.
João Baptista Borges destacou que esta interligação vai complementar também o transporte ferroviário no corredor ferroviário do Lobito, atualmente visto “essencialmente na perspetiva do transporte de mercadorias”, ao qual se pretende adicionar o transporte de energia e as comunicações, através de fibra ótica.
O operador do sistema de transporte de energia, ou seja, o dono da linha será responsável pela celebração dos acordos com os utilizadores finais, como as companhias mineiras, sendo a tarifa negociada entre as partes.
“É uma relação entre privados apenas”, disse o ministro, a propósito da definição dos preços.
Trata-se de um projeto de iniciativa privada, sem financiamento publico, e que trará “vantagens para todos os países” envolvidos, assegurou o mesmo responsável, adiantando que Angola tem também planos de interligações no sul do país e noutros pontos da RDCongo.