Um comboio de carga, com 960 toneladas de minério bruto de cobre, chegou na manhã de domingo à cidade portuária do Lobito (Benguela), proveniente da região de Kolwezi, República Democrática do Congo (RDC).
Trata-se do primeiro carregamento do minério desde a assinatura do contrato de transferência da concessão dos serviços ferroviários e da logística de suporte do Corredor do Lobito entre o Governo de Angola e os representantes do consórcio Lobito Atlantic Railway, no dia 4 de Julho de 2023.
O comboio, de dezassete veículos (incluindo uma locomotiva GE, modelo C30ACi) e 16 vagões do tipo LC, partiu da estação do Luau, na província de Moxico, na sexta-feira, às 16h30, e percorreu 1.289 quilómetros em 38 horas, até chegar ao Porto Comercial do Lobito.
De acordo com o director Comercial da Lobito Atlantic Railways (LAR), Artur Silva, trata-se do primeiro comboio, por sinal, de cariz experimental, de outros tantos esperados a partir de Janeiro de 2024, visando escoar por via do Corredor do Lobito dez mil toneladas de minérios provenientes da região de Katanga, na República Democrática do Congo.
“Este primeiro carregamento, a título experimental, está destinado aos mercados internacionais, concretamente aos continentes europeu e asiático. Temos a intenção, a partir de Janeiro, aumentarmos a capacidade para transportar 10 mil toneladas, e durante o ano mais de 200 mil de mercadorias”, explicou.
Artur Silva não precisou, porém, o tempo de permanência da mercadoria no Porto do Lobito, nem o seu destino exacto, mas garantiu “o asseguramento no local”. “Haverá um momento de ensacamento, de colocar no contentor para, de seguida, ser exportado para os mercados destinados. Por isso, o seu acondicionamento, no local, está acautelado”, acrescentou.
Por seu turno, o director Comercial da empresa dos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB), Fausto Carvalho, disse que este carregamento “é visto como de extrema importância, no âmbito do processo de diversificação da economia do país”, explicando mais adiante que “apesar de não se tratar do primeiro carregamento pelo Corredor do Lobito, o evento que acabamos de testemunhar abre um novo ciclo para a economia nacional, envolvendo entidades nacionais, o Estado, e multinacionais, o consórcio LAR”.
Lembrar que, depois da reabertura do Corredor do Lobito, o primeiro carregamento de minério bruto de cobre aconteceu a 5 de Março de 2018, proveniente das minas de Tenken (RDC), num acto testemunhado por altas figuras do Governo, da classe empresarial e população da cidade do Lobito. Em Setembro de 2018, Julien Rolland, membro do comité de gestão da Trafigura, uma empresa holandesa que faz parte da concessionária, disse que a reabertura da rota comercial, suspensa há mais de 40 anos, entre Lobito (Angola) e Kolwezi, na República Democrática do Congo (RDC) ,”tem potencial para marcar o início de um novo capítulo”. O cobre congolês costuma ser exportado através dos portos da Beira, em Moçambique; Dar Es Salam, na Tanzânia, ou Durban, na África do Sul.