A petrolífera norte-americana Chevron, em parceria com o Governo de Angola, compromete-se em lançar uma iniciativa regional de expansão energética, para redução da emissão do dióxido de carbono na atmosfera, durante o exercício da sua actividade no país.
Para a concretização desse desafio, a Chevron New Energies (CNE) rubricou nesta segunda-feira, em Luanda, um Memorando de Entendimento com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o Instituto Nacional de Gestão Ambiental (INGA), com vista a explorar potenciais oportunidades de negócio em baixo carbono em Angola.
A assinatura desse documento coube ao director-geral da Unidade de Negócios Estratégica da Chevron na África Austral, Billy Lacobie, director-geral da Chevron New Energies, Katherine Lihlefield, presidente do Conselho da Administração da ANPG, Paulino Jerónimo, e a directora-geral do Instituto Nacional de Gestão Ambiental (INGA), Hassana Lima.
Em declarações à imprensa, o director Billy Lacobie referiu que o memorando assinado, com um período de dois anos de execução, traz como valias a utilização de diversas fontes de energias limpas, como hidrogénio, biodiesel e energias renováveis, na actividade petrolífera.
“Este Memorando de Entendimento cria uma oportunidade para a Chevron aumentar a sua actuação em Angola e providenciar energia fiável, acessível e de baixo carbono, identificando as melhores formas para reduzir a pobreza energética, abordar as alterações climáticas e melhorar a qualidade de vida das comunidades locais”, destacou.
Na ocasião, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, fez saber que o sector espera trabalhar para, pelo menos,reduzir 20% das emissões de gases de efeito estufa, até final de 2027.
Segundo o governante, é um desafio sério e irreversível que precisa da colaboração de todos os actores do sector, como empresas e agências, para que se atinja resultados positivos.
Por isso, o ministro considerou de crucial importância a assinatura do referido memorando, marcando o início de uma cooperação tripartida, tendo em conta o paradigma das alterações climáticas e da transição energética a nível nacional e global.
De acordo com Diamantino Azevedo, o objectivo do memorando é fomentar a colaboração em áreas e produção de produtos de baixo carbono, através do estabelecimento de uma estrutura organizacional, com a participação de todas as entidades.
Disse que esse documento vai, igualmente, permitir a implementação de vários programas e projectos de baixo carbono, que se enquadram efectivamente no pilar da mitigação da Estratégia Nacional de Alterações Climáticas e juntamente com outros projectos, como energia solar, hidrogénio verde, amónia verde, carbono azul, florestas e biocombustíveis.
Realçou que o memorando também contempla a participação do sector privado, com a criação de parcerias público-privadas, que poderão constituir mais-valia na concretização dos inúmeros compromissos estabelecidos no documento.
“As potenciais áreas de colaboração e desenvolvimento estão ligadas a programas para a produção de produtos de baixo carbono, como o hidrogénio azul e verde, amónia verde e os biocombustíveis, aliados à conservação da biodiversidade dos ecossistemas, conferindo maior resiliência climática das populações”, acrescentou.
Reconheceu que a indústria de petróleo e gás, em geral, tem a sua quota responsabilidade na geração de emissões de gases de efeito estufa, sendo por este facto o Executivo angolano implementado medidas e acções que têm conduzido a redução da pegada de carbono, dando cumprimento aos requisitos do acordo de Paris do qual Angola é signatária e da Estratégia Nacional sobre as Alterações Climáticas.
Por sua vez, a secretária de Estado para Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável, Ana Paula Coelho, afirmou que o documento assinado constitui um marco para Angola, que é um país signatário da Convenção Quadro das Nações Unidas com o compromisso de alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no âmbito da transição energética.
Já o director de segurança e ambiente da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Guilherme Ventura, disse que a assinatura do referido memorando representa uma das soluções que as empresas petrolíferas apresentam para mitigar o problema da crise climática mundial.
Avançou que o documento vai permitir a criação de ideias concretas para a produção de energia de baixo carbono.
A Chevron opera em Angola através Cabinda Gulf Oil Company (CABGOC), nos blocos 0 e 14, situando-se entre as maiores produtoras de petróleo do país, com uma produção diária estimada em 89 mil barris de líquido e 340 milhões de pés cúbicos de gás natural, em 2020, sendo mais de 90% da força de trabalho composta por angolanos.
Ao longo dos anos, a CABGOC e parceiros dos blocos 0 e 14 investiram mais de 250 milhões de dólares em projectos de desenvolvimento comunitário, nas 18 províncias de Angola.