Dezenas de jovens da cidade do Dundo, província da Lunda Norte, acorreram este domingo, na praça do Mussungue, para tirar algumas dúvidas e aprender sobre a arte etnomatemática “Sona”, um símbolo da cultura tchokwe, que constitui um processo educativo para o povo da região leste.
Durante a visita na stande onde está exposta a gravura, os jovens receberam explicações detalhadas sobre o processo de desenho, significado das linhas e os códigos geográficos.
Com os sinais gráficos do “Sona”, o povo lunda aprendeu a transmitir as posições geográficas, traçando os pontos cardeais, tais como, Norte, Sul, Este e Oeste, incluindo o ensino da geometria aritmética e jogos tradicionais.
Sona, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.
Estas gravuras (Sona), de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, e num livro que aborda a cultura bantu e já foi retratada numa longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.
Pesquisas feitas recentemente indicam a existência, na altura da gravação da longa-metragem, de apenas um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda praticava o Sona e que foi um dos actores locais do filme.
Actualmente, existem mais de 10 obras científicas, publicadas em várias partes do mundo, a retratar o Sona e nenhuma em Angola.
Em 2021 a arte Sona foi elevada a património nacional. A mesma concorre para a sua elevação à património mundial.