Trabalhar nas comunidades para formar, sensibilizar e estimular o gosto pelo crochê e costura, tornando-as independentes na criação do seu próprio negócio e geração de postos de trabalho, é o desígnio da Belíssima Crochê, que ontem promoveu uma palestra e workshop sob o mote “O Crochê, Emprego e Combate à Pobreza”. A iniciativa comemorou o Dia Internacional do Crochê, celebrado anualmente a 12 de Setembro, tendo sido a primeira vez que a efeméride foi assinalada em Angola.
O evento teve lugar na Galeria ResiliArt Angola, no Shopping Fortaleza, com a presença da secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher, Alcina da Cunha Kindanda, e representantes do Ministério da Cultura, representante da vice-presidente, a consultora Elsa Barber e a presidente da AASTI, Emília Almeida. Além do debate em torno do papel do crochê na criação de emprego e combate à pobreza, a iniciativa incluiu ainda uma exposição de algumas peças produzidas pela Belíssima Crochê, com o público a ter a oportunidade de experimentar esta técnica de artesanato.
“A nossa principal missão é formar e promover a cidadania, criando condições e oportunidades de negócio para a sustentabilidade das comunidades no âmbito das políticas de desenvolvimento local, ao mesmo tempo que aumentamos a difusão do sentimento de patriotismo”, afirma Sónia Moreira e Almeida, fundadora da Belíssima Crochê.
Ser uma marca de referência em Angola e reconhecida a nível internacional, assumindo-se como um exemplo na criação de valores para os seus clientes, colaboradores, parceiros e comunidades, é um dos principais objectivos do projecto.
“O crochê tem uma particularidade: ajuda-nos a falar connosco mesmos. Ao falar comigo fui percebendo que o meu trabalho não podia ficar só por ali e devia trabalhar com jovens e jovens mais carenciadas, comunidades mais vulneráveis, de forma a tirá-las da prostituição, da vida fácil”, explica Sónia Moreira e Almeida, destacando o contributo do crochê para “a diversificação da economia em Angola, assim como no resgate dos valores morais”.
Resultado de uma parceria com o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, o projecto da Belíssima Crochê vai chegar, numa primeira fase, a duas escolas: Centro Integrado de Empoderamento Familiar (CIEF), no bairro da Precol, e Escola Nacional de Formação de Técnicos Serviço Social (ENFOTSS), em Cacuaco.
“Será um desafio. Mas é algo que quero muito, trabalhar e dar o meu contributo no combate ao desemprego. Até ao momento já gerei três postos de trabalho, mas que ainda não executam. Esta parceria com o Ministério vai também ajudar-me a identificar algumas jovens com aptidão, mas sem capacidade financeira para investir no material necessário”, acrescenta a responsável.
O crochê é uma técnica de artesanato que tem sido muito utilizada e está “na moda”, consistindo numa técnica versátil, que permite criar peças de diversos tamanhos e formas (peças decorativas para o lar, carteiras, fatos de banho, vestidos, etc.), além de possibilitar uma infinidade de combinações de cores e texturas.
“Quero enaltecer a Belíssima Crochê por comemorar, pela primeira vez, o Dia Internacional do Crochê, como uma forma de expressão artística e tradicional. Esta iniciativa irá estimular a divulgação da arte como uma fonte de rendimento e de ocupação de jovens e famílias. Lançamos a todos o desafio de promoverem esta arte, de grande importância para a sociedade angolana”, afirmou a secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher na sua intervenção.
Para Alcina da Cunha Kindanda, a arte do crochê permite “unir diferentes gerações”. “Além dos benefícios para a saúde como uma ferramenta anti-stress, reduz a ansiedade, melhora a coordenação motora, promove a concentração e ajuda a prevenir doenças degenerativas. Estimula igualmente o empreendedorismo familiar e, com esta arte, muitos lares podem contribuir com fontes de renda”, salientou.