União Europeia debate a imposição de sanções à China pelo apoio à Rússia na guerra da Ucrânia

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A União Europeia (UE) está a analisar a possibilidade de impor sanções a empresas da China acusadas de desrespeitar as restrições comerciais decorrentes da agressão russa à Ucrânia. Pelo mesmo motivo, o bloco cogita restringir as exportações para nações que igualmente tenham ajudado a Rússia a driblar as punições impostas. As informações são da agência Reuters.

Além da China, entre os alvos das eventuais sanções estão Turquia, Emirados Árabes Unidos e nações diversas da Ásia Central e do Cáucaso. Para que as punições sejam impostas, porém, é necessário que todos os 27 países-membros da UE as aprovem.

Uma fonte de dentro do bloco confirmou que a proposta já foi entregue aos 27 países e disse que uma análise dos dados do comércio entre a UE e a Rússia desde o início da guerra expõe as rotas alternativas usadas pelo governo russo para manter o aceso a bens sancionados.

“A análise mostra uma queda acentuada nas exportações diretas da UE para a Rússia após a introdução de sanções em março de 2022. Ao mesmo tempo, um aumento nas exportações da UE para Armênia, Cazaquistão e República do Quirguistão é observado”, disse uma fonte não revelada ao justificar as sanções.

No caso específico de Beijing, os alvos seriam sete empresas sujeitas a terem seus ativos no bloco congelados. O jornal Financial Times revelou os nomes das companhias: HC Semiconductors e King-Pai Technolog, da China continental, além de Sinno ElectronicsSigma TechnologyAsia Pacific LinksTordan Industry e Alpha Trading Investments, estas cinco de Hong Kong.

O governo chinês reagiu através de Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, que instou a UE a não seguir o “caminho errado”

“A China se opõe a ações que usam a cooperação China-Rússia como pretexto para impor sanções ilegais ou jurisdição de braço longo contra a China”, disse Wang, prometendo ainda adotar todas as medidas viáveis para salvaguardar seus interesses.

Como parte da mesma iniciativa, a UE também pretende ampliar a lista de bens cuja exportação para a Rússia é restrita. São sobretudo itens de tecnologia de dupla utilidade, que têm também fins militares. Até agora, as 27 nações europeias já concordaram em impor dez pacotes de sanções a Moscou em função da guerra. Este seria o 11º.

Entretanto, não é possível prever se as sanções terão sucesso. Segundo fontes ouvidas pela reportagem da Reuters, alguns países-membros estão hesitantes em aprovar as medidas, que na visão deles abalariam as relações econômicas e políticas com Beijing. Assim, o debate tende a ser longo, com uma decisão ainda distante, segundo essas mesmas pessoas.

Armas chinesas na Rússia

No mês passado, a China voltou a afirmar que não entregaria armas a nenhuma das partes envolvidas na guerra da Ucrânia. Entretanto, há indícios de que empresas chinesas ajudaram a equipar as forças armadas russas, embora não seja possível responsabilizar diretamente o governo.

No começo de fevereiro, reportagem do Wall Street Journal (WSJ) revelou que foram enviados, a partir de Beijing, itens proibidos destinados a empresas de defesa do Kremlin embargadas pelos EUA. Na lista estariam equipamentos de navegação, tecnologia de interferência e peças de caças.

Mais tarde, em março, o site Politico revelou ter analisado uma série de documentos comerciais e alfandegários apontando que entidades russas receberam rifles de assalto, coletes à prova de bala e peças de drones de empresas chinesas no ano passado, já com a guerra em andamento.

Os documentos em questão, cedidos pelo ImportGenius, um agregador de dados alfandegários, mostram que o armamento de uso militar foi entregue como sendo “rifles de caça” usados por civis. Eles partiram da China North Industries Group Corporation Limited, uma empresa de defesa terceirizada que serve ao governo chinês, e foram recebidos pela russa Tekhkrim em junho de 2022.

As armas listadas nos documentos são rifles de assalta CQ-A, cujo projeto é baseado no norte-americano M16. Tais armamentos são usados por forças de segurança paramilitares chinesas e pelas forças armadas do Sudão do Sul e das Filipinas.

Os dois casos não deixam claro que Beijing tem fornecido armamento em grande escala a ser utilizado pelas forças armadas da Rússia na guerra. Mas os itens são considerados de uso duplo, com funções inclusive militares, e estão inseridos nas sanções ocidentais impostas à Rússia em função da guerra.

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