Executivos de bancos israelenses alertaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que os empresários começaram a tirar seu dinheiro do país por medo de uma polêmica reforma judicial promovida pelo governo, revelou hoje a imprensa.
Netanyahu se reuniu ontem na sede de seu partido, o Likud, com integrantes do setor em meio a preocupações com as consequências que essa iniciativa pode causar à economia nacional.
Segundo o Canal 12, o diretor executivo do Banco Hapoalim, Dov Kotler, explicou durante a reunião que a fuga de capitais já começou nos últimos dias.
“Ainda não é uma escala dramática, mas estamos preocupados que este seja o início da tendência”, disse ele.
Seu homólogo do Discount Bank, Uri Levin, disse que as preocupações sobre tal projeto são impossíveis de ignorar, pedindo cautela.
Os cidadãos estão dispostos a lutar contra essa iniciativa, devemos parar com essa loucura e começar a conversar, disse o empresário Chemi Peres, filho do ex-primeiro-ministro Shimon Peres.
Em resposta, Netanyahu argumentou que a supervisão judicial excessiva prejudica o crescimento econômico.
O canal 12 e o portal de notícias Ynet, que citaram fontes não identificadas, destacaram que o chefe do governo está surpreso e incomodado com a onda de condenações à reforma por parte de diversos setores do país.
Estamos muito preocupados com o que está acontecendo, disse Zvika Williger, proprietária da importadora de alimentos Willi-food.
Até o momento, mais de 300 economistas assinaram uma carta contra a proposta do Executivo, incluindo o Prêmio Nobel Eric Maskin.
“A reforma do sistema judicial põe em perigo a economia israelense e pode causar uma queda na classificação de crédito de Israel, levar os investidores a fugir e causar uma fuga de cérebros”, adverte a carta.
O projeto inclui a chamada “cláusula de anulação”, que permitiria ao Knesset (Parlamento) relegislar leis anuladas pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Pela ideia, 61 deputados dos 120 que compõem a Câmara poderiam revogar um parecer do mais alto tribunal. A coalizão de extrema-direita no poder controla 64 assentos.
A reforma também prevê a inclusão de outros dois políticos na comissão que seleciona os juízes, também formada por magistrados.